Meus chefes te agradecem...


A você que, um dia, me desiludiu no amor, gostaria de transmitir os sinceros votos de gratidão da parte de meus chefes.

É inexplicável a forma como o trabalho rende!

Assuntos inacabados são prontamente resolvidos. Papéis acumulados logo recebem um fim, tal quais as cartas, bilhetes e mensagens apaixonadas que trocamos.

Os telefonemas para agendamentos de reuniões que naturalmente deveriam ser feitos pela Secretária, os faço eu mesmo de bom grado, na tentativa de suprir a falta de discar seu número de telefone, ter alguém com quem marcar um encontro e desejar que tenha um bom dia.

Organizo a bagunça da minha própria sala com a mesma intensidade e rapidez que gostaria de conseguir organizar de uma vez por todas a bagunça que você deixou dentro de mim.

Meus chefes te agradecem pelas horas-extra que tenho feito. Tudo para ocupar minha mente com trabalho, já que o vazio de meus pensamentos só me levam de volta a você.

Por fim, eu mesmo preciso agradecer. É incrível como, logo que você se foi, voltei a pensar em prosseguir com meus estudos aos fins de semana, antes reservados a nós dois. (Já vi até o preço da Pós!).

O melhor disso tudo é que todo o meu compromisso com o trabalho pode me render uma promoção, quem sabe um aumento. E uma vez que o Dia dos Namorados se aproxima, terei condição suficiente para o presente que darei, e o jantar romântico que proporcionarei a mim mesmo.

Afinal, eu mereço, né?!

***

Playlist "Work"



Receita para um coração partido


Texto dedicado "aos corações que sonham, tolos como podem parecer. Para os corações que sofrem e para a bagunça que nós fazemos".

  • Primeiro, escolha alguém que prometeu a si mesmo não mais se apaixonar.
  • Torne-se presente no dia a dia dele, a ponto de sua presença poder ser sentida mesmo quando ausente.
  • Responda prontamente às suas mensagens, ligações e até mesmo àquelas figurinhas, com mensagens fofas de aprovação.
  • Faça com que ele eternize diversos momentos especiais que vocês tiverem ao lado um do outro.
  • Deixe que ele se abra para a sua amizade e dê muitas esperanças de que o interesse por algo mais seja mútuo.
  • Faça-o acreditar que você sente o mesmo que ele. Inclusive, que você sente como se o procurasse há muito tempo e finalmente o houvesse encontrado.
  • Espere até que ele não deseje nenhuma outra companhia além da sua.
  • É importantíssimo fazê-lo acreditar que TUDO é recíproco. Especialmente o fato de nada nele ser um incômodo ou um defeito aos seus olhos.
  • Ele precisa chegar a dizer que você tem sido seu melhor amigo nos últimos tempos, e que tem compartilhado toda a sua vida com você.
  • Aguarde até que ele fale de você para as pessoas mais especiais da vida dele.
  • Deixe que ele diga estar apaixonado. Aproveite para pedir que ele disserte sobre o próprio sentimento.
  • Adicione alguns dias sem se ver, dê esperança de algum dia possível e mude os planos para outro dia posterior.
  • Deixe-o esperando por respostas às mensagens. Especialmente àquelas mais sentimentais.
  • É fundamental demonstrar que ele não faz mais parte de suas prioridades.
  • Quando ele perceber a mudança e quiser conversar sobre, coloque a culpa no trabalho, na rotina, no estresse, no mundo! Mas, não entre em detalhes, afinal, ele precisa se afligir por dias e questionar o que pode ter feito de errado.
  • Adicione muito fermento aos menores vacilos dele, fazendo-os parecer grandiosos. Especialmente àqueles relacionados a pedidos por atenção, carinho e mensagens de saudade.
  • Passe a ser monossilábico em suas respostas, sem desenvolver muito (ou nada) os assuntos. Principalmente aqueles que, para ele, são mais importantes e que ele costumava compartilhar com você.
  • Deixe que somente ele te chame, demonstre, se preocupe, insista...
  • Bata tudo com canções que tragam a ele memórias passadas.
  • Dias frios e chuvosos, poucos afazeres/distrações e poucos amigos vão à gosto.
  • Pronto! Assim, você terá o que deseja.

Coração com Coração


Era feriado. Os grandes centros culturais estavam lotados de pessoas que desfrutavam de tempo livre.

As praças também dividiam espaço entre ambulantes, jovens em seus skates e patins, e pessoas que simplesmente caminhavam desfrutando da brisa gelada que contrastava com o sol que aquecia a pele.

As ruas, porém, estavam praticamente vazias. O comércio permanecia fechado, com poucos restaurantes, cujas mesas se espalhavam pelas velhas ruas ladrilhadas do centro do Rio de Janeiro.

Foi nesse cenário que eles se encontraram pela primeira vez.

Um coração machucado e outro, cheio de vida, disposto a doar-se para sarar as feridas do primeiro.

Entre conversas, surgiram os primeiros gestos de carinho, o coração ferido pôde ouvir por diversas vezes o que há muito não ouvia. Palavras que o fizeram se enxergar como já não conseguia.

Ele olhava para o sorriso de seu companheiro e era iluminado por seu olhar vivo, sua sinceridade e a felicidade estampada em seu rosto.

Será que ele poderia confiar?
Ele poderia mostrar suas feridas?

Ele acreditou que sim. Deu o primeiro passo. Pediu diversos abraços. Parecia mágica. Ia além do que ele poderia explicar. Ele realmente não se sentia assim há muito tempo.

Quando os dois corações se encontraram, puderam ouvir o som de harpas célticas tocarem em meio à penumbra. Um calor os rondava, mas isso não os impediu de se aconchegarem no abraço um do outro. Eles não se importavam com nada, com ninguém ao redor. Só havia os dois ali.

À medida em que o dia passava, a hora da despedida se aproximava. O coração ferido, sem habilidade para despedidas (depois de todas as que já teve que fazer ao longo da vida), não sabia o que sentir, o que fazer, o que sentir. Só sabia que, depois daquele dia, o que ficaria seria uma conhecida amiga, a quem ele chama intimamente de saudade.