Brendha
Se não me engano, foi no ano de 2014
(Sim. Foi em 2014!). Eu estava desempregado, após dois anos trabalhando numa escola
de bairro, sem carteira assinada (ou seja, como diz o ditado, eu estava “com
uma mão na frente e outra atrás”). Passei a dedicar minha vida ao meu TCC de
graduação e aproveitava o embalo para escrever no meu extinto Blog. Não faço
ideia de como conheci o Blog de uma garota chamada Ana Luíza, mas sei que eu
adorava acompanhar o que ela escrevia (até porque era uma excelente escritora).
Lembro que foi nos comentários do Blog da Ana Luiza que encontrei um link de
alguém a quem a Analu (nome pelo qual a dona do Blog era carinhosamente chamada
- até por desconhecidos, como eu) dava moral.
Era a Brendha.
Eu não lembro qual era o nome do
Blog dela naquele tempo, mas sei que li (quase) tudo o que ela escreveu e o que
mais me atraiu (além da beleza indescritível daquela moça) foi o fato de ela
estar lendo pela primeira vez a saga do Harry Potter. Havia posts sobre os
livros, com as impressões dela. Também me atraiu o fato de que os livros que ela
lia, eram emprestados de uma biblioteca. Ela os lia em tempo recorde! (Isto ao
meu ver, visto que demoro meses para ler um livro, quando estou de ressaca
literária).
Sei que decidi acompanhar aquele
Blog e comentei todos os Posts que consegui. O mais legal de tudo foi que a
dona do Blog (a Brendha) não se fez de difícil. Muito pelo contrário. Ela
respondeu aos meus comentários no meu próprio Blog e passou a ler o que eu
escrevia, mostrando-se interessada.
Trocamos links do facebook.
Tornamo-nos amigos de internet.
No meio da madrugada, quando eu
estava escrevendo algo para o Blog ou simplesmente navegando (à toa) na
Internet, eu a chamava para conversar sobre qualquer coisa.
Ela mora em Santa Catarina e eu no
Rio de Janeiro. Pode parecer difícil uma aproximação qualquer, mas não foi.
Confesso que tem gente que mora mais perto de mim (talvez, sob o mesmo teto),
mas que vive mais distante do que ela.
A Brendha e eu conversávamos sobre
tudo e sobre nada. Estou até tentando, mas não consigo explicar em palavra nossas
conversas de antigamente. Mas, sei que passamos a conhecer um pouco mais sobre
a vida um do outro.
Lembro
que ela fez aniversário no dia dos namorados (se eu não me engano, 12 de junho)
e eu decidi mandar pra ela um “presente”. Um dos livros que estavam em sua “Lista
de Desejados” no Skoob - um site para leitores (que também ajudou nos nossos
assuntos sem roteiro – além do fato de ela ser cinéfila [com um gosto especial
para filmes antigos], e eu não saber nada sobre filmes, e querer conhecer mais
sobre o gosto dela por filmes e livros).
Apesar de o “presente” ter chegado
com algum muito tempo de atraso, ele chegou e aquilo nos aproximou mais
ainda. Lembro que ela elogiou minha letra e postou foto do que escrevi no Instagram.
Fiquei feliz pela gratidão dela.
Por aquele tempo, eu arranjei
emprego e meu tempo para a Internet diminuiu, e a gente perdeu nossas
oportunidades de conversar durante a madrugada. O fato de ela ser uma dedicada
estudante de odontologia (eu acho que é isso) também fez com que tivesse menos
tempo, tanto para os papos quanto para os Posts no Blog, assim como eu. Nesse
tempo, eu já tinha o número do celular dela, e nós poderíamos conversar por
mensagem via whatsapp – coisa que raramente fazíamos (muito mal, nos dávamos “Bom
dia”, ou “Boa noite”).
Ela nunca foi de publicar muita
coisa no facebook, creio que por ser sulista (o que faz dela alguém mais
reservada), ou pelo fato de ser uma pessoa chique, que se expõe pouco (risos).
Mas, o tempo passou e, em meus acessos corriqueiros no horário de almoço, eu vi
fotos da Brendha onde as pessoas escreviam palavras de conforto e ela agradecendo
pelas palavras das pessoas. Nas fotos, ela estava vestida com roupas
hospitalares, mas, naquele caso, ela era a paciente. Parte do rosto lindo dela
parecia inchada e eu me preocupei. Na hora me bateu um leve desespero por ver
alguém tão especial passando pelo que parecia ser uma barra. E era.
Chamei-a no chat do facebook e ela
me contou o que havia acontecido. Ela teve trombose no rosto. Eu não saberia
explicar, mas, meu Deus, como aquilo cortou meu coração! (Eu me emociono até
hoje, só de lembrar). Enquanto ela me contava, eu não aguentei o aperto no peito
e desatei a chorar diante do computador. Eu precisava estar por perto para
ajudar minha amiga! Que amigo era eu, a ponto de não saber quando alguém tão
querido está passando por uma dificuldade como aquela? No mesmo instante, minha
chefe entrou na sala e se assustou com meu estado. Eu estava em choque com a
notícia. Fui para o banheiro do Colégio onde trabalho, chorar onde ninguém
pudesse me ver. Solucei, questionei a Deus, banhei meu rosto com as lágrimas
pela dor da minha amiga antes de banhá-lo com água, na tentativa de disfarçar
meu choro.
Graças a Deus, ela estava se
recuperando. Quando me contou, já estava em fase de recuperação, sem grande
risco. O rosto já desinchava e ela me explicou detalhadamente o que aconteceria
para que aquele problema não retornasse.
Escrevi uma carta para ela e tentei
enviar um novo livro de presente, mas, dias após o pedido ter sido fechado, o
Site me comunicou que não havia mais daquele produto no estoque. Mesmo assim, a
carta foi e eu pude me fazer um pouco mais próximo a ela, com minhas palavras.
Novamente ela agradeceu, e meu coração se acalmou.
Depois disso, continuamos a nos
falar quando dava. Às vezes, através de comentários nas fotos do Instagram,
onde eu sempre fiz questão de deixar meu “Lindaaaaa!!!”, toda vez que via uma
foto dela. Isso aconteceu a ponto de uma amiga dela perguntar quem era eu.
Porém, nada fortaleceu mais nossa
amizade do que numa noite em que eu não tinha mais a quem recorrer. Estava
chorando muito no meu quarto por algo ruim que alguém havia feito a mim. Precisei
de um amigo, e foi naquele momento em que, mais do que nunca, eu pude contar
com a Brendha. Ela me ouviu, leu cada palavra que escrevi, me aconselhou, e
acompanhou todo o caso até o fim.
Eu pensei que contando tudo o que
contei para ela, ela se afastaria de mim, mas o que aconteceu foi exatamente o
contrário: nos tornamos ainda mais próximos, e eu passei a contar com ela (e
para ela) para coisas que quase ninguém mais sabe. Desde então, ela é uma amiga
mais que especial, pois decidiu me amar e permanecer ao meu lado mesmo quando
eu pensei que ela iria me abandonar, ou não se importar.
Espero pelo dia em que poderei
conhecê-la pessoalmente, pois sei que será um tempo de compartilhar ainda mais
coisas boas.
A Brendha é uma dádiva de Deus em
minha vida, e eu agradeço a Ele por me presentear com a amizade dela.
Todas as pessoas deste mundo deveriam
ter a oportunidade de tê-la como amiga. A Brendha é uma pessoa e uma amiga incrível!
Hey, Douglas tudo bem?
ResponderExcluirExistem mesmo pessoas que aparecem nas nossas vidas e ganham um espaço tão grande que nem imaginaríamos, tenho um caso parecido com uma amiga, que nosso laço de amizade se fortaleceu apenas depois de acabarmos a escola, e ela é minha confidente, e passou comigo uma fase muito importante da minha vida, como minha aceitação enquanto gay.
Abraços!
Saudades dos teus posts!
Fazia tanto tempo que eu não entrava na minha lista de blogs preferidos que quando eu vim pra ler teu último post e me deparei com uma foto minha aqui eu senti um misto de alegria, surpresa e vergonha por não ter visto isso antes.
ResponderExcluirEu já li o texto antes, reli agora e a sensação que tive foi a mesma. É tão bom ler uma coisa assim sobre a gente de surpresa, quando a gente mais precisa, parece que renova as energias. Adoro como tu escreve e ser o assunto desse texto me deixou mais que lisonjeada.
Você é uma pessoa iluminada enviada pra minha vida pra torná-la mais leve e feliz. Obrigada, amigo. Não só pelo texto maravilhoso, mas por tudo que tu já fez por mim - desde me enviar um livro que eu amei até os bons dias calorosos que recebo volta e meia.
Que 2016 seja o nosso ano! <3