Palavras, apenas palavras
Estou em uma casa silenciosa, o tempo está fresco, acabou de chover. Diante de mim há uma bela janela que dá para um vasto espaço com árvores. Sobre a mesa onde estou escrevendo há um jarro com rosas. A paz reina do lado de fora, mas não dentro de mim. Aqui dentro há um turbilhão de dúvidas, medos e incertezas. Arrependimentos por atitudes tomadas, precipitações... Tudo o que alguém poderia sentir por ter cometido um erro está se remoendo dentro de mim.
As vezes me sinto centrado, outras inconstante. Quando penso que a maturidade finalmente se desenvolveu em mim, de repente, sou surpreendido por um sentimento de infância, insegurança, necessidade de proteção.
Tento colocar para fora, em forma de palavras o que realmente sinto, mas não consigo.
Tenho a necessidade de narrar meus sentimentos de forma indireta, tentando expressar como estou por dentro, quando por fora tudo está do jeito que sempre desejei. O que me falta? Eu confesso não saber explicar.
O medo de colocar no papel as palavras que me apunhalam o interior vem de minha fama de pacificador. Aquele que não cria problemas, o bom filho, o exemplo a ser seguido... O que pensariam se essa pessoa tão perfeita dissesse o que realmente pensa? O que realmente sente?
Assim, novamente calo meu interior, aquieto as palavras, fecho as portas para a liberdade que deseja ser aprisionada em mim.
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