"Ânimo! Cadê você?!"

Hoje é o primeiro dia, após esse tempo que eu estou sem vontade de escrever aqui. Já é tarde, e eu acabei perdendo muito tempo achando que estava atualizando o Windows do meu notebook antigo, mas, no final, ele resetou a atualização e voltou ao estágio inicial. Nessa brincadeira, perdi cerca de duas horas de vida.

Tirando isso, o dia foi produtivo. Consegui finalizar os ajustes finais nas artes encomendadas e já enviei ao cliente. Também me dediquei a me organizar para estudar para duas provas de um processo seletivo para contrato pela Secretaria Municipal de Educação de Maricá. Foi uma amiga do trabalho do Rodrigo que me mandou o Edital. Hoje, abriram as inscrições e, sem querer querendo, eu me inscrevi no primeiro dia.

Minha tia do Espírito Santo havia se hospedado na casa de um dos filhos dela, que mora aqui no Rio, mas hoje ela voltou para cá hoje. Uma prima minha também veio almoçar conosco. Foi uma manhã/tarde agradável. Modéstia à parte, eu arrebentei no almoço! Ficou uma delícia.

No momento de descanso pós almoço, assisti a mais um episódio de uma série documental na Netflix, que se chama "Filmes que marcam época". O episódio de hoje foi sobre o filme "Sexta-feira 13", mas já assisti a alguns muito bons, como "Dirty Dancing", "Uma linda mulher" e "Jurassic Park".

Depois disso, saí pela casa, gritando: "Ânimo! Cadê você?!". Acho que funcionou, porque o ânimo logo veio, e eu consegui fazer essas coisas que precisava.

Hoje, apesar das lembranças da minha mãe, e da saudade pelo espaço que ela deixou na minha vida, na casa (mas não no meu coração), foi um dia mais comum, onde minha mente conseguiu focar um pouco mais.

Para o fim do dia, fiz o jantar e pensei que não chegaria vídeo do Rodrigo, às 22h, mas teve. Que saudade que eu sinto dele! Fico lembrando dos trejeitos, vendo ele falando sobre o lugar onde está no momento em que gravou o vídeo, apontando o dedinho... kkk. Ele é alguém muito especial pra mim, vocês não têm noção. É alguém que parece que eu conheço a vida toda, e que eu espero ter comigo pelo resto da vida.

Assisti à reprise do "Que história é essa, Porchat?", com a Mari Gonzalez, Kondzilla e Polli Marinho. Foi bom pra dar boas risadas. Prestei atenção em coisas que não havia me atentado da vez em que assisti no Globoplay. Pra finalizar o dia, decidi ver ao 5º Episódio de "Os Outros", Série também do Globoplay. Nossa! Tá muito boa.

Amanhã já é quinta-feira e, cada vez mais se aproxima o dia em que vou rever meu amor. Confesso que estou um pouco ansioso, receoso pelo reencontro, pois não sei como será. Mas, estou mentalizando que devo ir de coração aberto, sem ficar pensando sobre como devo reagir mediante alguma situação. Estarei lá de corpo presente, irei observar (como sempre faço) e penso que, depois de ter visto minha mãe morta em um caixão, nada mais pode ser tão ruim.

Só vamos!

Por hoje é isso.

Douglas ;)

A humanidade de ouvir

Se tem uma coisa que eu não sou, é objetivo. Esse, definitivamente, é um adjetivo que não me cabe. Salvo em situações muito específicas que envolvam demissão. Aí eu consigo ir direto ao ponto, sem dar voltas e voltas em diversos assuntos.

Mas, hoje, eu acho que vou precisar ser um pouco mais objetivo, afinal, já passa da meia-noite.

O dia, hoje, tinha tudo para não ser nada produtivo.

Acordei, tomei meu banho, arrumei minha cama e logo fui fazer o almoço (por volta das 9h30). Apesar da grande variedade de coisas que fiz para o almoço, tudo ficou pronto às 11h45m. Almoçamos cedo e isso me dá uma sensação de que o dia (a tarde) rende um pouco mais.

Após o almoço, peguei umas contas para pagar (pela conta do meu pai, porque eu não tenho um tostão furado para pagar sequer as minhas próprias contas) e, diante do computador, fui inventar de responder à minha amiga Carol, que perdeu a irmã recentemente (há cerca de um mês).

Foi ótimo poder servir como um amigo leal, um bom ouvinte (ou leitor, dependendo do ponto de vista), e estar ao lado de uma amiga que precisava de mim. O problema é que falar sobre luto, sobre perda de alguém amado, mexeu um pouco comigo, e eu acabei perdendo o ânimo para fazer qualquer outra coisa a seguir. Foi como se eu precisasse recuperar minhas forças após a conversa.

Mas, aprendi que amizade verdadeira é assim: A gente guarda nossa tristeza no bolso para cuidar da tristeza de quem amamos. Vem sendo assim desde que a Carol perdeu sua irmã. Eu já estava passando por todo o processo de internação e correria com a minha mãe, mas, não quis que ela soubesse. Chegando do hospital, após uma vivência numa Escola no Cosme Velho (RJ) para a qual eu nem fui selecionado, fui visitar minha amiga, pois sabia que ela precisava entender que poderia contar comigo.

Mais uma vez, me dei algum tempo. Fui para a sala, assisti TV e fiquei navegando pelas Redes Sociais. Quero dar um tempo (preciso). Tenho perdido muito tempo distraído nas Redes Sociais, com absolutamente nada relevante. Assisti ao Jornal Hoje, com meu pai, à novela "Chocolate com Pimenta", que está na reta final, o filme que passou na Sessão da Tarde foi "Como se fosse a primeira vez", e emendei em "Mulheres Apaixonadas".

Quando começou a novela das 18h, eu me levantei e propus ao meu pai jantarmos mais cedo. Ele concordou, então eu já comecei a mobilizar as coisas para o jantar.

No momento em que eu ia colocar o filé de peixe na panela, alguém chamou. Era a vizinha que perdeu a mãe recentemente (falei dela nesse texto aqui). Ela e o filho vieram procurando por minha irmã, mas ela não estava aqui.

Os convidei a entrar e ela disse que não demoraria, mas eu não estava com pressa. Chamei meu pai e ficamos ali, à mesa, ouvindo tudo o que ela tinha para contar sobre o momento de perda. Pudemos também falar um pouco sobre nossa experiência e me coloquei na condição de ouvinte empático, escutando atentamente, demonstrando interesse e fazendo perguntas para reforçar o assunto, ou abrir parêntesis para novos assuntos.

Eu senti que ela precisava conversar, colocar para fora, desabafar, se sentir compreendida por pessoas que estavam passando por algo semelhante ao que ela tem vivido mediante a perda.

O jantar esfriou e fomos comer lá pelas 21h, quando eles foram para casa.

Foi uma conversa muito leve, fluida e boa, onde ambas as partes se sentem compreendidas e acolhidas.

De quebra ainda tive diversas lembranças de infância, de quando eu ia lá na casa dela, assistir VHS e DVDs, quando aqui em casa ainda não tínhamos condições de ter esse tipo de aparelho. Foi como fazer uma viagem no tempo. Uma boa viagem a um lugar interior que eu não acessava há muitos anos.

É incrível perceber como as pessoas nem sempre sabem sobre as boas marcas que deixam em nossa vida, assim como a gente não sabe de todas as marcas que deixamos na vida das pessoas, sejam boas ou ruins. Precisamos fazer o bem nas pequenas ações, e eu fiquei feliz por receber uma vizinha aqui, hoje, para conversar. Deu uma movimentada na noite, afinal. 

Em seguida, senti um ânimo descomunal. Vim para o quarto, liguei o notebook e fui fechar as tais artes que já comentei aqui por diversas vezes, mas que não estavam caminhando muito (os pequenos passos que mencionei em textos anteriores). Em menos de DUAS HORAS, eu consegui fechar tudo e fazer o upload na nuvem para enviar ao cliente. Havia coisas que minha mente não estava processando ao longo de todos esses dias e que, num estalar de dedos, eu consegui pensar e falar: "Parecia que isso daria um trabalhão!" Como a mente da gente é... A minha não estava bem, a ponto de eu não conseguir raciocinar logicamente. É muito importante que nossa mente esteja bem, equilibrada, para que as coisas fluam.

Enquanto o arquivo carregava, decidi abrir essa aba e escrever sobre o meu dia. Pensei que não conseguiria escrever hoje, mas, graças a Deus, estou cumprindo com minha meta de hoje.

Quer dizer que, quando eu pensei que não renderia em nada, por ter dado prioridade a outros seres humanos que precisavam da minha atenção sincera, na verdade, eu estava fazendo exatamente o que deveria fazer. Era lá, naquelas conversas, que eu deveria estar, sentindo as horas passando, sentindo as "obrigações" paradas, mas vivendo a essência do que é ser humano. Afinal, sempre acreditei que a prioridade da vida humana não pode, nem deve ser o trabalho, mas as pessoas. Meu pai sempre discordou de mim, mas, não acredito que seja coincidência o fato de que justo hoje os dois relógios de casa pararam. Eu não deveria me prender no horário, deveria viver, e isso me fez fluir no trabalho.

Agora, eu vou me organizar para os próximos pontos que precisam de atenção amanhã. Ainda não estou com sono, mas já pensando em me preparar para dormir. Quem sabe, amanhã, finalmente eu consiga acordar mais cedo.

Por hoje é só isso.

Douglas ;)

Dia de quem?

Hoje é "Dia dos Namorados" e eu acordei fora do horário que havia pensado. O despertador até tocou, mas eu simplesmente ignorei. 

Também, pelo horário que eu fui dormir... 9h30m da manhã até que foi cedo.

Mas, eu não pude começar a fazer "minhas coisas" porque precisei ir aos Correios postar o livro que não consegui postar na sexta-feira.

Tomei meu banho e fui com minha mochilinha da dõTERRA para o ponto de ônibus. Coloquei a mesma roupa de ontem, porque não considero que estivesse suja. Afinal, quase não saio de casa. Ontem, só dei uma idinha ao mercado. Não é possível que eu fosse encontrar algum conhecido que tenha me visto.

Na passarela, encontrei com uma irmãzinha dos tempos de igreja. Ela justificou o motivo de não ter ido ao funeral da minha mãe e perguntou se eu estava indo à igreja, porque, segundo ela, é isso o que importa. Eu não queria muito assunto, então disse que sim. Falei que estou indo à ICC - Igreja Cristã Contemporânea, que é uma igreja inclusiva. Ela não deve saber do que se trata. Mas, a verdade é que eu morro de vontade de ir a essa igreja, mas nunca fui. Na hora certa, irei.

Chegando aos Correios, uma fila enorme e lenta. Lembram da ideia de que seria impossível encontrar algum conhecido que tivesse me visto ontem? Pois é, eu estava enganado. Ontem, no mercado, um rapaz dos tempos da igreja passou por mim e me cumprimentou. Hoje, adivinhem quem estava na fila do Correio? Sim. O mesmo rapaz que me viu ontem, na saidinha que dei para ir ao mercado. Mas, eu considerei que ele não tenha prestado atenção à roupa que eu estava usando ontem. Afinal, nem eu poderia dizer se ele estava usando, hoje, a mesma roupa de ontem. Gente! Olha como a minha cabeça funciona! Acho que sou louco.

Enfim... Aproveitei o tempo na fila para ler "A morte é um dia que vale a pena viver", no Kindle, enquanto estava esperando. Felizmente, a postagem no Correio foi tranquila.

Ao invés de ir direto para o ponto de ônibus, decidi passar numa farmácia Pacheco que tem do outro lado da rua dos Correios. Acabei me deparando com uma Professora que já fez parte de minha equipe, quando eu era Coordenador Escolar, na última escola onde trabalhei, até Setembro do ano passado.

Ela também perdeu a mãe (há um ano), e eu já me solidarizava com ela antes de perder a minha. Hoje, me solidarizei pelo fato de termos uma perda em comum. Indiquei o livro que estou lendo e ela agradeceu, pois está se relacionando com um viúvo que perdeu a esposa há seis meses. Quase contei a ela sobre mais esse ponto em comum, afinal, Rodrigo é viúvo há dois anos e quando nos conhecemos, havia apenas cerca de dois meses desde a partida de seu marido. Mas... Como sei que ela é Bolsonarista, um pouco religiosa tradicional, preferi não falar sobre esse detalhe.

Confesso que me senti um pouco culpado pela omissão, afinal, estou num processo de libertação da opinião dos outros sobre a minha vida. Mas, novamente, eu não estava disposto a prolongar o assunto, ou a inventar um assunto qualquer (que não iria render) depois do deslocamento de ar que acontece quando alguém que já me conhecia antes de eu começar a me relacionar com o Rodrigo, fica sabendo sobre minha orientação sexual.

Começo a querer me sentir culpado novamente, enquanto revisito esse momento, mas, acho que ficar me culpando não vai resolver isso.

Tem dias que eu me sinto tão ousado para ser quem eu sou, para ligar o "foda-se" para o mundo e viver minha vida, com minhas contas atrasadas, que ninguém se importa em pagar. Mas, tem dias que o simples fato de não querer assunto com pessoas que só querem saber da vida da gente por curiosidade, me faz sentir culpado.

Talvez, seja por isso que é tão latente meu desejo de sair desse lugar onde as pessoas pensam me conhecer. Quem eles conheceram foi uma versão minha que não se aceitava, que pensava poder viver uma vida de mentiras, como se vivesse em verdade.

Só sei que toda essa "mini crise" que eu tive me serviu de combustível, mais tarde. Já vou contar.

A Professora me perguntou sobre minha saída da escola, como se não soubesse. Eu falei a respeito dos fatos que me envolveram e ocasionaram minha demissão. Ela falou que já sabia. Nesse momento, eu senti um pouco mais de tranquilidade por não ter aberto ainda mais minha vida, pois achei esquisita essa atitude de perguntar sobre algo que já sabia, como se não soubesse. 

Nos despedimos, fui à Farmácia, comprei uma pomada que minha irmã me indicou para passar no couro cabeludo. Infelizmente, com minha demissão da Imobiliária onde trabalhei quando morei com o Rodrigo em Niterói, me causou uma coisa esquisita que parece caspa, mas não melhora nem com os melhores shampoos.

Dermatologista? Aceita um livro meu como pagamento? Porque é o que eu posso oferecer no momento.

Peguei o ônibus de volta para casa e a tarde correu bem. Já eram 13h quando cheguei.

Por volta das 14h, consegui ligar o notebook e me organizar para cumprir minhas tarefas. Não andei muito no que precisava fazer, mas dei alguns passos. Isso é muito significativo.

Peguei um caderno e fui pontuando as coisas que fiz, ao invés de pontuar as coisas que eu precisaria fazer. Isso me deu uma sensação de produtividade.

Entre as coisas que fiz, uma delas foi escrever uma publicação de "Dia dos Namorados" para o meu amor. Lembram que eu falei sobre a crise me servir de combustível? Então... Coloquei todo o meu amor, carinho e coragem nessa declaração. Usei todas as palavras "DIA DOS NAMORADOS", "MEU NAMORADO", para quem quisesse ver. Publiquei no Instagram e no Facebook, onde estão todos os conhecidos de conhecidos, amigos de amigos. Por muito tempo, eu me escondi, e não quero mais me esconder. Por mais que, hoje, num dia de fragilidade, pela falta do meu amor comigo, eu tenha precisado das Redes Sociais para me "proteger" no momento da declaração.

Esqueci de contar que o Rodrigo programou uma publicação no Instagram para as 8h da manhã. Foi um gesto lindo (mesmo que ele tenha confundido a ocasião das fotos que publicou)! Eu tenho muita sorte de ter o Rodrigo na minha vida. O texto que escrevi na publicação foi muito significativo para mim, pois nele eu falei do amor de Deus sobre nós, e como meu relacionamento com o Rodrigo é uma das provas desse cuidado e desse amor.

Ele disse que chegaria uma caixa de chocolates aqui no endereço dos meus pais, mas não chegou não. Deve ter acontecido algum imprevisto com a entrega, mas ele só vai poder saber disso no próximo fim de semana, quando eu for à Cerimônia de saída dele (nem sei se vou me lembrar de falar sobre isso).

Quando deu o horário de "Mulheres Apaixonadas", no Vale a Pena Ver de Novo, eu dei aquela paradinha para assistir (mesmo que já tenha assistido a toda ela no período de Pandemia e publicação do meu primeiro livro. Depois da novela, consegui voltar para o que estava fazendo. Cheguei a enviar umas provas de arte para aprovação e, depois disso, fiz o jantar para meu pai e mim.

Acho que o dia foi basicamente esse.

Foi um "Dia dos namorados" sem meu namorado (noivo), mas pude matar um pouquinho a saudade pelo vídeo que ele deixou programado para as 22h.

Depois do jantar, peguei o notebook para escrever esse texto e estou bem feliz pela rotina de escrever no mesmo horário, todos os dias. Mesmo sabendo que pode acontecer de eu não conseguir, ou não querer escrever algum dia.

Preciso voltar a mexer no novo Conto, mas... O momento, agora é para colocar tudo no lugar e, quando acabar esse período de retiro do Rodrigo, continuar escrevendo (talvez, não para o Blog, mas nos meus projetos literários).

Espero que vocês também tenham vivido um bom dia dos namorados, com ou sem um namorado, ou uma namorada. Que tenha sido um bom dia!

Douglas ;)

Mesmo de longe, espero que você tenha vivido um feliz dia, hoje, meu amor! Te amo.

De tudo um pouco

Hoje é domingo. Véspera do dia dos namorados. Foi um dia comum, porém, não foi um dia ruim.

Ontem, fui dormir às 3h da manhã, porque a Rede Globo decidiu passar "Titanic" no Supercine, e eu fui para o Twitter comentar as cenas. Foi muito divertido sentir que não estava falando sozinho, que não estava assistindo ao filme sozinho. Isso é bem legal.

Normalmente, quando a gente decide assistir a um filme numa plataforma de Streaming, é pouco provável que outras pessoas também estejam assistindo exatamente aquele filme, naquele mesmo momento que nós. Especialmente pra quem adora assistir filmes repetidos (e antigos), como eu.

Minha experiência com o Twitter não costuma ser muito boa. Na grande maioria das vezes, minha sensação é a de estar falando sozinho. Mas, quando a gente vai nos assuntos do momento e encontra um assunto que nos interesse, fica mais fácil interagir com desconhecidos, porém, desconhecidos que têm interesses parecidos com os nossos. Assim, descobrimos gente legal para começar a seguir e até ganhamos novos seguidores.

Mesmo com essa boa experiência com o Twitter, eu sinto que preciso me desconectar um pouco do meu smartphone. Não é que eu fique o tempo todo conectado às redes sociais. Eu tenho conseguido ler, tenho conseguido assistir programas na TV, também tenho cumprido minhas obrigações domésticas, como preparar as refeições, lavar a louça e arrumar meu quarto. Mas, quando penso em pegar meu notebook para trabalhar nas minha devidas obrigações (citadas no texto anterior), eu acabo me desmotivando. Começo a mexer no smartphone e o notebook fica ali parado.

Apesar de ter caminhado um pouco mais no Conto, que ainda não tem previsão de lançamento, eu não estou muito motivado para me dedicar à escrita de longo prazo. Em contrapartida, estou amando essa retomada desse Blog, onde eu apenas falo sobre minhas próprias amenidades e pensamentos aleatórios.

De qualquer forma, decidi que amanhã será meu retorno ao trabalho. Vou acordar bem cedo, me organizar, como se fosse trabalhar em uma empresa (a minha) e colocar o máximo de minhas obrigações em dia. Eu preciso disso ($).

Hoje, minha cunhada (Juliana, irmã mais nova do Rodrigo) me mandou mensagem pedindo ideias de nomes para seu novo empreendimento de doces artesanais, sobremesas como cookies, brownies. Semana passada estávamos juntos e eles estavam pensando em possíveis nomes. Falei com ela que o ideal seria pensar nas possibilidades do que poderia ser usado de forma temática. Eles haviam pensado em "Doce Terapia", fazendo referência ao fato de comer doces ser algo meio terapêutico. Mas, quando falei sobre "Doce Magia", ela respondeu com um AMEI. A ideia é poder usar referências como Walt Disney e Harry Potter, para que as pessoas consumam os produtos não apenas pelo doce, mas pela imagem, por se identificarem com as personagens.

Fiquei empolgado para iniciar esse projeto, mas, preciso concluir os que já estão em andamento, antes de iniciar um novo.

Outra coisa que marcou meu dia de ontem foi ter atendido à ligação de um escritor que irá publicar o primeiro livro. Ele precisava de ajuda, orientação para saber quais caminhos poderia seguir na divulgação de seu projeto. Para mim, que sempre quis oferecer algum tipo de mentoria para quem deseja escrever e publicar seus livros, foi uma conversa capaz de trazer algum tipo de realização pessoal. Alguém estava me vendo como uma possível referência (mesmo por algumas horas), querendo aprender um pouco mais acerca de um caminho que eu já percorri.

Infelizmente, o rapaz chegou com muitas crenças prévias que iam de encontro às minhas experiências práticas. Por mais que eu tentasse explicar algumas questões relacionadas às práticas de editoras que mais se parecem com o processo de auto publicação, porém, cobrando do escritor uma quantia prévia e recebendo metade dos lucros dele pelas vendas futuras (sem qualquer garantia de apoio para que essas vendas aconteçam de forma efetiva), ele já estava com o pensamento formado e tinha certeza de que havia tomado a melhor decisão.

Em momento algum minha intenção foi convencê-lo a rescindir o contrato com a "Editora", mas mostrar a ele que há caminhos mais efetivos para receber o retorno que ele pode precisar para se manter publicando, para não se frustrar (como eu já vi pessoas desistindo da carreira de escritores por não terem conseguido o resultado que esperavam antes da primeira publicação de livro físico).

Felizmente, ele aderiu a algumas de minhas sugestões, especialmente quando eu contava com todos os detalhes sobre como havia sido minha experiência ao aplicá-la na minha vivência como escritor iniciante e independente.

Confesso que não foi uma conversa muito fluida e leve para mim, pois eu precisava ouvir muitas "certezas" dele e pensar em como eu poderia apresentar meu ponto de vista contrário, sem passar a impressão de estar discordando por discordar, por querer mostrar que sei mais (porque minha intenção não é essa). Mesmo assim, ao fim da conversa, o saldo foi positivo, pois ele relatou quais conselhos meus chamaram sua atenção a ponto de desejar usar no seu projeto.

Quem sabe, um dia, eu engaje nessa vida de agente literário e marketing editorial. Mas, eu sou muito bobo. Não consigo pensar que existem pessoas sonhando em publicar seus projetos e cobrar o preço absurdo que as agências cobram. Acabo fazendo por gostar dessa função. Me sinto útil, realizado enquanto ajudo.

Voltando a falar sobre hoje, acordei, fui para a sala, quando a fome começou a apertar, eu fui tomar meu banho e colocar uma roupinha digna de ir à rua. Até peguei meu Kindle e meu caderninho de anotações, pensando em me sentar em algum lugar, pegar um ônibus, ou apenas perceber que o lugar onde meus pais moram é péssimo, e não tem opção alguma para quem quer sentar e ler um livro. Foi exatamente a terceira opção a que aconteceu.

Percebi que havia muitos pontos de frango assado disponíveis pelas esquinas. Fui ao mercado e comprei algumas coisinhas pra um almoço digno (kkk) e passei no frango assado para comprar um. Mais uma vez, a moça que atende no caixa revirou os olhos com real satisfação e comentou sobre meu "perfume". É muito engraçado como as pessoas reagem ao cheiro do óleo essencial que eu uso, perguntam a marca, mas essa moça é a melhor de todas, porque parece que ela está sentindo as reações que o óleo promete (entre outras, ele é afrodisíaco). Enfim... Recebi um elogio pelo meu cheiro hoje, de novo.

Em casa, almocei e assisti ao "Como eu era antes de você", que a Globo decidiu passar na Temperatura Máxima. Gente! Como pode passar filmes tristes, onde os casais não ficam juntos, em plena véspera do "Dia dos Namorados"? É que a Dona Globo sabe que brasileiro gosta de sofrer. E, sim, eu sou um deles.

Deu até vontade de reler o livro. Lembrei de 2016, quando fui assistir sozinho, no cinema, ouvindo as pessoas ao redor fungando de tanto chorar.

Depois disso, meu pai chegou de viagem, trazendo minha tia. Comecei a fazer o jantar, para adiantar meu lado. Herdei o tablet que havia dado de presente à minha mãe, e tenho preferido cozinhar assistindo os canais ao vivo do Globoplay do que ouvindo a "JB FM" e a "Antena 1", como de costume. Assim, assisti ao "Domingão", enquanto cozinhava.

Minha tia gostou muito do jantar. Elogiou muito enquanto comia e até repetiu! Fiquei feliz por isso. É incrível como pequenas ações positivas têm o poder de mexer com nosso humor e autoestima.

A noite passou rapidamente. Não demorou para meu celular vibrar com a notificação de e-mail do Rodrigo.

Sim, ele ainda está fora, incomunicável. Mas, deixou alguns e-mails programados com links de vídeos, onde ele fala comigo como se estivesse falando em tempo real.

Hoje, eu chorei bastante enquanto assistia ao vídeo. Foi curtinho, mas a saudade apertou tanto! Esse tempo está sendo (e eu sei que ainda vai continuar sendo) um grande desafio pra mim. Mas, eu gosto tanto dele. É alguém que, antes de tudo, se tornou um grande amigo pra mim. Alguém que me fez olhar pra mim mesmo, ao invés de só olhar para quem está ao meu redor. Ele me faz sentir mais motivado, me inspira, sua companhia e companheirismo me fazem querer me tornar alguém cada vez melhor. E assim, a cada dia eu tenho mais certeza de que eu o amo. Como alguém que torna minha vida mais feliz, com mais significado, que me dá mais capacidade de acreditar em um futuro feliz, sem solidão.

É claro que a gente briga, que a gente se desentende, discute, mas... É nessas horas que eu tenho ainda mais certeza do quanto eu o amo. Porque sinto vontade de resolver logo nossos desentendimentos, pra gente poder voltar a sorrir junto, a conversar sobre toda e qualquer coisa, voltar a fazer o bem que faz um ao outro.

Bem... Confesso que, no início desse texto eu nem sabia sobre o que falaria hoje, mas... Acabou se tornando um texto sobre um monte de coisa.

Por hoje é isso. Espero que amanhã eu finalmente consiga retomar minhas obrigações. Eu vou me esforçar.

Douglas ;)

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Vou deixar aqui uma Playlist minha de 2016, já que me lembrei dessa época:

Sobre o sábado e meu direito de existir

Hoje é sábado.

Acordei, tomei meu banho, arrumei meu quarto e comi alguma coisa. Grelhei umas iscas de peito de frango e comi uma laranja.

Assisti ao "É de casa" que, por sinal, está muito bom com os apresentadores atuais (o que não inclui a forçada da Patrícia Poeta) e, de repente, já é meio-dia.

Vou me dar mais esse fim de semana para cuidar da mente. Fazer alguns nadas, antes de voltar a me dedicar às coisas na minha checklist.

Tenho muitas coisas a fazer. Estou me preparando psicologicamente para isso. Quem sabe, mais tarde, eu comece a rascunhar o que preciso fazer. 

Algumas dessas coisas são bem repetitivas, operacionais, como fechar artes para impressão. Mas, é um trabalho necessário.

Tenho um trabalho de faculdade para fazer (não da minha faculdade, mas de alguém que me pagou para fazer), e também tenho uma nova identidade visual para criar.

Estou prometendo para mim mesmo que, segunda-feira será um recomeço. Me dei esse direito.

Vou ver se leio alguma coisa. Se continuo a leitura de "A morte é um dia que vale a pena viver", livro que está me fazendo muito bem, especialmente no esclarecimento sobre o processo de passagem dessa vida para a eternidade, fala sobre humanização do momento da partida. Pretendo escrever uma resenha sobre ele. Tenho várias marcações, destaques de "quotes" que me chamaram atenção.

Não estou esperando grandes coisas desse dia. Apenas que seja um dia sem más notícias. Um dia comum, estável. (Se vierem boas surpresas, serão muito bem-vindas).

Antes de ir, quero apenas registrar que, ontem, uma pessoa (mulher, preta, de Campos dos Goytacazes) zombou com um "Bem feito", em resposta a um comentário meu sobre ter tentado denunciar as postagens do "Pastor" André Valadão, falando sobre odiar a homossexualidade.

Eu pensei em várias formas de responder à zombaria dela, mas não queria atacá-la, afinal, não acredito que possamos vencer o ódio e a intolerância usando ódio e intolerância. Queria contra-argumentar usando a estratégia do amor (que deveria ser a base da fé cristã).

Falei que é lamentável alguém cuja ancestralidade foi ferida e doutrinada para ser subjugada por um "cristianismo europeu", hoje, se unir a eles para zombar de quem só quer ter o direito de existir, sendo quem é. Não é possível mudar nossa sexualidade. Deus nos fez assim. "É difícil pra vocês amarem a gente, né?", perguntei. Lamentável.

Eu ia falar que é impossível mudar sexualidade, assim como é impossível mudar a cor da pele, e que pelo mesmo motivo, muitos ainda são perseguidos, segregados, assassinados. Por serem quem são. Mas, eu preferi não usar esse argumento, pois não queria que ela se sentisse atacada. Não queria dar qualquer brecha para ela mudar o foco da conversa, como se eu estivesse sendo um racista.

Como se não bastasse, a bonita ainda respondeu, dizendo falas clichês como "Meu melhor amigo é gay", e dizendo que quem quer a extinção da espécie humana somos nós, já que não procriamos.

É triste demais ler esse tipo de ignorância.

Deu muita vontade de responder, mas não quero mais render esse assunto. Prefiro que ela pense que fiquei sem argumentos.

A verdade é que nós, LGBTQIAP+ não queremos impedir ninguém de ser hétero, de ter suas famílias, de serem felizes. A nossa existência não visa destruir a existência alheia. A gente só quer viver e ter o direito de ser feliz, do jeito que a gente é.

Eu poderia dialogar a apresentar vários pontos, sabe? Mas, prefiro me calar. Espero que a vida ensine esse tipo de gente. Deve ser alguém muito infeliz, pra não conseguir suportar a felicidade das outras pessoas.

Desejo que o amor de Deus a alcance, algum dia. O mesmo amor que me alcançou e me fez entender que a Bíblia, a Lei, sem amor, não serve de nada.

Por hoje é isso ;)

"Me liga", "Urgente", "Agora", "Por favor".

Já teve a sensação de que os dias estão passando cada vez mais rapidamente?

Faz um tempo que tenho esse sentimento, mas, hoje eu parei um pouco para pensar sobre isso. Parece que o dia, as horas têm passado tão rápido, que não dá pra fazer nem metade do que a gente fazia antigamente.

Ontem, recebemos a notícia de que a mãe de uma vizinha querida também partiu.

Ela estava internada há semanas, lutando pela própria vida, mas não resistiu. A notícia da morte de uma terceira pessoa próxima, em menos de um mês caiu como uma bomba. Felizmente, meu emocional não se abalou além do convencional. Mesmo assim, sabia que não faria muita coisa hoje, além de estar no funeral, ao lado da família que esteve ao lado da minha, na semana passada, quando perdi minha mãe.

Eu tenho a reciprocidade como um dos pilares da minha formação de caráter, sabe? Inclusive, pesou muito para mim, no momento de ver minha mãe em um caixão, não ter certas pessoas ao meu lado. Pessoas a quem chamei de amigos/amigas, de quem estive ao lado no momento de perda semelhante à minha. Mas, pensando por um lado positivo: que bom que estiveram ao meu lado apenas quem tem a mesma consideração por mim. Inclusive, tive gratas surpresas, pois havia pessoas por quem não esperava.

Por isso, eu fiz questão de estar ao lado da nossa vizinha. Contudo, o fato de eu estar lá me impediu de cumprir com outro compromisso.

É que eu já havia me comprometido com um de meus leitores e amigos, de que postaria nos Correios um livro meu, que ele comprou na quarta-feira, antes do feriado de ontem.

Pensei que conseguiria ir ao Correio pela manhã, antes de irmos ao funeral, mas, como eu mesmo passei a máquina no meu cabelo há dois (ou três) dias (e ficaram algumas pontas grandes nos lugares onde eu não enxergo), minha irmã ficou insistindo para corrigir. Como, hoje, precisaria sair de casa, não queria me dar ao ridículo. Assim, tive que esperar até que minha irmã terminasse de lavar o quintal (que estava muito sujo graças ao cachorro).

Quando ela finalmente acertou meu cabelo, já ia dar meio-dia.

Sairíamos de casa às 13h30m para o funeral, então, não daria tempo de ir aos Correios, porque aqui no bairro não tem um. É preciso pegar um ônibus para um bairro próximo. Até eu voltar, não conseguiríamos ir juntos, de UBER, já que nem eu, nem minha irmã dirigimos.

(Uma pessoa meu ex-cunhado chegou aqui e atrapalhou a fluidez do texto)

Enfim... Fomos ao funeral, que atrasou e só saímos de lá às 17h, e não consegui postar o livro no Correio.

O dia voou.

Agora, quero falar um pouco sobre o que senti agora, com a vinda da tal pessoa meu ex-cunhado aqui. Vamos?

Ele veio de outro país Portugal pra alguma visita aos familiares dele. Passou aqui pra pegar uma chave, ou algo do tipo. Disse que seria rápido, convidei para se sentar e ele não quis, afinal, seria rápido. Mas, começou a questionar o motivo de ainda estarmos aqui no Rio de Janeiro.

Questionou o motivo de eu ainda não ter me mudado para Santa Catarina, assim como duas de minhas irmãs, cunhados e vários sobrinhos fizeram.

"O que ainda te prende aqui no Rio?".

Eu tive que relembrar que minha mãe faleceu há APENAS uma semana, que AINDA estou vivendo o luto, que estive aqui, ao lado da minha mãe, virando noites no Hospital, auxiliando nos cuidados médicos.

Ele insistiu em dizer que eu deveria ir pra lá, fazer uma Pós-Graduação. E eu precisei contar que já tenho uma, e que estou na terceira graduação. Ou seja, o fato de eu ainda estar no Rio de Janeiro nada tem a ver com falta de qualificação, falta de estudos. O que me "prendia" aqui no Rio era minha mãe, que ainda estava viva e, quem leu o texto anterior sabe que ela se sentia mais feliz quando me tinha por perto.

Hoje, estou noivo do Rodrigo, que mora em Niterói, mas isso não significa que eu esteja preso. Eu sinto que as portas certas vão se abrir pra mim, na hora certa. Eu acho que a pessoa que esteve aqui sabe que eu estou noivo, mas não toquei no assunto, por se tratar de alguém extremamente religioso (no que diz respeito a vida dos outros).

Ele deu o próprio exemplo sobre como Deus honrou sua atitude de abandonar um emprego por uma viagem religiosa que ele fez, há muitos anos. E eu respondi que também espero que Deus honre minha atitude de ter me posicionado no meu último emprego, quando chamei minha ex-chefe para conversar sobre não estar de acordo com o modo como ela vinha me tratando.

Minha demissão se deu após uma reunião formal, solicitada por mim, onde ela não gostou de ser contrariada, mas fingiu que havia acolhido às minhas falas. "Divergir para convergir" foi o que a !@#$%¨&* falou antes de nos levantarmos da mesa, naquele dia. Eu já sentia que seria demitido e, no dia seguinte, foi exatamente o que aconteceu.

Quando, no ato de minha demissão, eu contei ao Vice-Presidente da empresa sobre o que havia acontecido, ele disse que não sabia daquela situação, mas que se a decisão estava tomada, não havia o que ele pudesse fazer.

Hoje, eu entendo que até essa demissão foi uma providência divina (Sim! Eu acredito MUITO em Deus) pra que eu pudesse passar mais tempo com minha mãe em seus últimos meses de vida. Se, hoje, estou em paz, com certeza, os últimos quatro meses ao lado dela têm grande importância para isso.

Foi como disse a ele: "Eu espero que Deus também me honre pela minha escolha".

Enquanto isso, vou colocar em dia alguns trabalhos independentes que peguei, e que ficaram incompletos, pendentes, devido aos últimos dias, de correria, internação, perdas, mas, eu espero que após pelo menos uma semana de luto, eu consiga retomar e tocar a vida para frente.

Eu ainda me surpreendo com a forma como as pessoas pensam que podem chegar na vida da gente arrotando tudo o que elas pensam que sabem sobre a vida. Esse costume que muitos têm, de anular nossa história, nossa participação no mundo, nossas cicatrizes, o que aprendemos, o que podemos até ensinar sobre a vida, e chegam falando tudo o que deveríamos estar fazendo da nossa vida.

Pode parecer simples. Minha própria mente fala: "Quem paga suas contas é você. Ninguém tem nada a ver com sua vida". Mas, na prática, as falas, as sugestões, os conselhos, as mentes muito fechadas que vêm acompanhadas de bocas muito abertas (não sei de quem é essa frase), ainda mexem comigo, ainda me desestabilizam.

Enquanto ele falava, eu me contorcia na poltrona, tentando escrever esse texto. Me contorcia, num incômodo infernal. Eu não sabia para onde olhar, não sabia em que me segurar, mas, sabia que queria continuar meu texto sobre um dia onde eu simplesmente não vi o tempo passar porque estive ao lado de uma pessoa querida, que esteve ao lado da minha família quando precisamos de amigos. Mas, esse texto se tornou mais um desabafo sobre questionamentos do que a sociedade espera de nós.

E, sinceramente? Foda-se a sociedade. Porque a sociedade não fez nada pra que as pessoas a quem eu vi morrer nos últimos dias tivessem uma vida melhor, mais feliz. A sociedade não impediu que elas se fossem, com suas crises, seus medos, seus traumas. Aqui é cada um por si. Então, a mim só importa a opinião de quem conhece minha história, de quem me conhece e me respeita como sou, de quem acompanha meu caminho e espera ansioso para saber qual vai ser o próximo passo que a vida vai me permitir dar em direção ao futuro.

O cara olhou para o meu livro sobre a estante e o usou como exemplo, dizendo "Não sei se é um VHS ou um livro". Não sabe nem que o livro que ele usou como exemplo foi escrito e publicado por mim, e quer chegar aqui na minha casa, questionando minhas decisões, e os rumos que minha vida tomou até aqui? Faça-me um favor...

Na hora, mandei mensagem pro meu amigo Sanderson:
"Me liga", "Urgente", "Agora", "Por favor".
Felizmente, ele viu as mensagens e ligou.

Só assim, me livrei da "conversa" (ou seria um monólogo?).
Pedi licença, saí da sala e fui conversar no telefone com alguém que me conhece e acabei lembrando que, sim, eu sei conversar. Eu não sou antissocial. Só que eu não vou sair por aí falando o que penso sobre as coisas e sobre a vida das pessoas, sem ouvi-las, sem conhecer os contextos, sem deixá-las à vontade para falar.

Que cansativo, né?

Nem sei se vocês vão ter paciência de ler tudo isso aqui, mas... É o que temos para hoje.

Pra finalizar, um conselho que me deram hoje: "Façam terapia!", já que as pessoas que precisavam fazer não fazem.

Um abraço ;)


O desafio de entender o que sinto

Sabe aquela história de que todo mundo tem uma ligação, um telefonema que muda sua vida?

Sempre imaginei que a ligação que mudaria minha vida seria boa, um convite para fazer parte de algo grandioso, uma oportunidade única.

Hoje é quinta-feira, feriado de Corpus Christi. Faz uma semana desde o dia que recebi o telefonema da minha irmã, comunicando a partida do meu maior amor: minha mamãe.

Diria que foi essa a tal ligação, mas não quero acreditar que a ligação que mudou minha vida seja uma carregada de tamanha perda.

Depois de uma semana me mantendo estável emocionalmente, ontem foi o dia que não quis me levantar, não quis abrir as janelas do quarto, não quis arrumar minha cama, não quis ligar o computador, e tudo bem.

Os sentimentos estão um pouco confusos nesses dias. Eu não sei se essa fossa se deu pela data (uma semana sem minha mãe), ou por algum outro fato que esteja acontecendo e acaba se misturando com esse sentimento que está aqui, devido ao luto.

Infelizmente, a pessoa que eu pensei que estaria ao meu lado nesse momento de perda, não pode estar. Meu noivo, Rodrigo, está em um retiro espiritual e vai ficar incomunicável por duas semanas. Ontem, quando tentei desabafar essa frase com ele, ele ficou um pouco chateado. Entendeu que eu estivesse dizendo que ele não estava ao meu lado. Mas, ele esteve, sim. Ele veio aqui na casa dos meus pais, dormiu aqui pela primeira vez, permaneceu comigo o tempo todo. Só que, até ontem, eu não havia estado tão fragilizado, e justamente ontem, eu não poderia tê-lo comigo.

Meu pai é barbeiro há mais de 50 anos. Depois que se aposentou e fechou as portas de seu salão, continuou atendendo aos clientes antigos (e até novos) na varanda de casa.

Ontem, pela manhã, eu escrevia em meu caderno, sentado no sofá da sala, e ouvi meu pai conversando com um cliente, enquanto cortava seu cabelo. Eles conversavam sobre o fato de meu irmão ter abandonado os estudos e ter se dado muito bem na vida. Meu pai falou sobre a casa do meu irmão, sobre a pequena frota de caminhões pipa que ele tem, e como ele o ajuda financeiramente.

O cliente falou que realmente existem pessoas que se deram muito bem na vida e que não seguiram nos estudos. Deu o exemplo de um conhecido dele que trilhou o mesmo caminho, e perguntou pelo filho mais novo do meu pai (eu).

Meu pai respondeu que eu sou o filho que mais estuda. "Bacharel em Teologia". Uma fala antiga, de quando eu concluí minha primeira graduação, em 2011, e ainda era da Igreja Evangélica, Missionário, que acreditava que poderia viver pelo meu chamado ministerial.

Ao ouvir aquela fala, eu acessei um lugar interior que não visitava há tempos, e não imaginava que ainda me afetava tanto.

Eu sou o filho que mais estudou. Além de Bacharel em Teologia, como meu pai falou, sou licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Pedagógica e estou cursando Recursos Humanos. Apesar disso, sou o filho que está desempregado desde fevereiro, que ainda não tem casa, carro, não tem sequer habilitação, o filho que mora com os pais e pra quem o pai deixou R$50,00 antes de viajar.

Minha tendência natural não é me enxergar assim. Mas, eu sei que na balança do meu pai o que mais vale é a estabilidade financeira.

Pelo meu olhar, eu sou o filho que mais se comprometeu com o meio religioso, mas que foi rejeitado por ele e precisou reconstruir a própria vida após a primeira graduação. O filho mais obediente, que sempre ouviu dos pais que os estudos eram o melhor caminho para a estabilidade, para ser alguém na vida, e que, por isso, não abandonou os estudos, pois queria ser o primeiro a dar aos pais o orgulho de ter um filho formado.

Pelo meu olhar, eu sou o filho que saiu de casa para morar sozinho por duas vezes, mas que ouviu da família que não precisava daquilo, que a casa dos pais era grande e que havia espaço suficiente para ele. Também ouvia da família que sua mãe precisava dele, que ela ficava muito feliz quando ele estava com ela, de um jeito que mais ninguém conseguia deixá-la.

Sou o filho que foi em busca de seus sonhos, apesar de nenhum deles ter sido lucrativo. O filho que acredita que o dinheiro é uma consequência de fazer a diferença no mundo, um meio para se viver bem e poder dar continuidade na realização de nossos projetos, e não um fim em si.

Agora, enquanto escrevo, eu tenho certeza do quanto esse episódio mexeu comigo. Talvez não tenha sido mesmo só pelo luto, mas o acúmulo de pensamentos. Pensar que não tenho mais minha mãe aqui, pensar que não terei o Rodrigo pelas próximas semanas, pensar que não tenho condições de sair, de me comprometer com o trabalho remunerado e que qualquer coisa que eu venha a fazer não é garantia de que eu vá conseguir pagar minhas contas... Enfim, são muitas coisas.

Porém, hoje é um novo dia.

Não quero ficar no quarto de novo. Não quero ficar alimentando maus pensamentos. Diferentemente de ontem, programei o despertador, acordei mais cedo, tomei um banho, tomei um café da manhã, liguei o computador e vim para a sala, escrever esse texto.

Enquanto escrevia, meu pai viajou para o Espírito Santo, onde vai visitar sua família. Essa viagem era aguardada pela minha mãe, há um tempo, mas ele não quis ir enquanto ela não estivesse melhor. Acabou que não deu tempo de que ela se recuperasse para ir.

Só Deus sabe o quanto eu acreditei que esse dia chegaria. O quanto eu acreditei que minha mãe se recuperaria e poderia voltar a fazer as coisas que ela gostava tanto de fazer, como cozinhar, viajar, ler a Bíblia, entre tantas outras coisas básicas que ela já não conseguia fazer no fim da vida.

Os pensamentos são muitos, fico o tempo todo pensando nela, me lembrando de momentos que tivemos enquanto ela estava aqui comigo. Vejo a tigelinha onde eu costumava servir seu mingau, o copinho onde eu costumava servir seu café... Meu coração se emociona, mas eu não consigo chorar. Talvez, pela certeza de que ela esteja em bom lugar. Pela certeza de que fiz tudo da melhor forma que pude, enquanto ela esteve aqui comigo.

Hoje, pela manhã, um raio de sol entrava pelas grades da cozinha. Eu me lembrei dela sentadinha ali, quietinha, esperando que eu me levantasse pra servir seu café da manhã.

Como eu repetia, quando ela pensava estar incomodando com sua dependência de ajuda, quero repetir, como se estivesse falando com ela: "Mamãe, pra mim é uma honra poder te servir. Você nunca vai ser um peso pra mim. Se eu estou aqui, é por você. Pode me chamar quantas vezes você precisar".

Eu sei que o tempo vai passar e o coração vai entender cada vez mais. A saudade, com certeza, vai aumentar. Mas, eu quero alimentar toda a gratidão que sinto pela mãe que tive. Quero me preparar pra, um dia, poder me reencontrar com ela.

Por hoje é isso.