"Me liga", "Urgente", "Agora", "Por favor".

Já teve a sensação de que os dias estão passando cada vez mais rapidamente?

Faz um tempo que tenho esse sentimento, mas, hoje eu parei um pouco para pensar sobre isso. Parece que o dia, as horas têm passado tão rápido, que não dá pra fazer nem metade do que a gente fazia antigamente.

Ontem, recebemos a notícia de que a mãe de uma vizinha querida também partiu.

Ela estava internada há semanas, lutando pela própria vida, mas não resistiu. A notícia da morte de uma terceira pessoa próxima, em menos de um mês caiu como uma bomba. Felizmente, meu emocional não se abalou além do convencional. Mesmo assim, sabia que não faria muita coisa hoje, além de estar no funeral, ao lado da família que esteve ao lado da minha, na semana passada, quando perdi minha mãe.

Eu tenho a reciprocidade como um dos pilares da minha formação de caráter, sabe? Inclusive, pesou muito para mim, no momento de ver minha mãe em um caixão, não ter certas pessoas ao meu lado. Pessoas a quem chamei de amigos/amigas, de quem estive ao lado no momento de perda semelhante à minha. Mas, pensando por um lado positivo: que bom que estiveram ao meu lado apenas quem tem a mesma consideração por mim. Inclusive, tive gratas surpresas, pois havia pessoas por quem não esperava.

Por isso, eu fiz questão de estar ao lado da nossa vizinha. Contudo, o fato de eu estar lá me impediu de cumprir com outro compromisso.

É que eu já havia me comprometido com um de meus leitores e amigos, de que postaria nos Correios um livro meu, que ele comprou na quarta-feira, antes do feriado de ontem.

Pensei que conseguiria ir ao Correio pela manhã, antes de irmos ao funeral, mas, como eu mesmo passei a máquina no meu cabelo há dois (ou três) dias (e ficaram algumas pontas grandes nos lugares onde eu não enxergo), minha irmã ficou insistindo para corrigir. Como, hoje, precisaria sair de casa, não queria me dar ao ridículo. Assim, tive que esperar até que minha irmã terminasse de lavar o quintal (que estava muito sujo graças ao cachorro).

Quando ela finalmente acertou meu cabelo, já ia dar meio-dia.

Sairíamos de casa às 13h30m para o funeral, então, não daria tempo de ir aos Correios, porque aqui no bairro não tem um. É preciso pegar um ônibus para um bairro próximo. Até eu voltar, não conseguiríamos ir juntos, de UBER, já que nem eu, nem minha irmã dirigimos.

(Uma pessoa meu ex-cunhado chegou aqui e atrapalhou a fluidez do texto)

Enfim... Fomos ao funeral, que atrasou e só saímos de lá às 17h, e não consegui postar o livro no Correio.

O dia voou.

Agora, quero falar um pouco sobre o que senti agora, com a vinda da tal pessoa meu ex-cunhado aqui. Vamos?

Ele veio de outro país Portugal pra alguma visita aos familiares dele. Passou aqui pra pegar uma chave, ou algo do tipo. Disse que seria rápido, convidei para se sentar e ele não quis, afinal, seria rápido. Mas, começou a questionar o motivo de ainda estarmos aqui no Rio de Janeiro.

Questionou o motivo de eu ainda não ter me mudado para Santa Catarina, assim como duas de minhas irmãs, cunhados e vários sobrinhos fizeram.

"O que ainda te prende aqui no Rio?".

Eu tive que relembrar que minha mãe faleceu há APENAS uma semana, que AINDA estou vivendo o luto, que estive aqui, ao lado da minha mãe, virando noites no Hospital, auxiliando nos cuidados médicos.

Ele insistiu em dizer que eu deveria ir pra lá, fazer uma Pós-Graduação. E eu precisei contar que já tenho uma, e que estou na terceira graduação. Ou seja, o fato de eu ainda estar no Rio de Janeiro nada tem a ver com falta de qualificação, falta de estudos. O que me "prendia" aqui no Rio era minha mãe, que ainda estava viva e, quem leu o texto anterior sabe que ela se sentia mais feliz quando me tinha por perto.

Hoje, estou noivo do Rodrigo, que mora em Niterói, mas isso não significa que eu esteja preso. Eu sinto que as portas certas vão se abrir pra mim, na hora certa. Eu acho que a pessoa que esteve aqui sabe que eu estou noivo, mas não toquei no assunto, por se tratar de alguém extremamente religioso (no que diz respeito a vida dos outros).

Ele deu o próprio exemplo sobre como Deus honrou sua atitude de abandonar um emprego por uma viagem religiosa que ele fez, há muitos anos. E eu respondi que também espero que Deus honre minha atitude de ter me posicionado no meu último emprego, quando chamei minha ex-chefe para conversar sobre não estar de acordo com o modo como ela vinha me tratando.

Minha demissão se deu após uma reunião formal, solicitada por mim, onde ela não gostou de ser contrariada, mas fingiu que havia acolhido às minhas falas. "Divergir para convergir" foi o que a !@#$%¨&* falou antes de nos levantarmos da mesa, naquele dia. Eu já sentia que seria demitido e, no dia seguinte, foi exatamente o que aconteceu.

Quando, no ato de minha demissão, eu contei ao Vice-Presidente da empresa sobre o que havia acontecido, ele disse que não sabia daquela situação, mas que se a decisão estava tomada, não havia o que ele pudesse fazer.

Hoje, eu entendo que até essa demissão foi uma providência divina (Sim! Eu acredito MUITO em Deus) pra que eu pudesse passar mais tempo com minha mãe em seus últimos meses de vida. Se, hoje, estou em paz, com certeza, os últimos quatro meses ao lado dela têm grande importância para isso.

Foi como disse a ele: "Eu espero que Deus também me honre pela minha escolha".

Enquanto isso, vou colocar em dia alguns trabalhos independentes que peguei, e que ficaram incompletos, pendentes, devido aos últimos dias, de correria, internação, perdas, mas, eu espero que após pelo menos uma semana de luto, eu consiga retomar e tocar a vida para frente.

Eu ainda me surpreendo com a forma como as pessoas pensam que podem chegar na vida da gente arrotando tudo o que elas pensam que sabem sobre a vida. Esse costume que muitos têm, de anular nossa história, nossa participação no mundo, nossas cicatrizes, o que aprendemos, o que podemos até ensinar sobre a vida, e chegam falando tudo o que deveríamos estar fazendo da nossa vida.

Pode parecer simples. Minha própria mente fala: "Quem paga suas contas é você. Ninguém tem nada a ver com sua vida". Mas, na prática, as falas, as sugestões, os conselhos, as mentes muito fechadas que vêm acompanhadas de bocas muito abertas (não sei de quem é essa frase), ainda mexem comigo, ainda me desestabilizam.

Enquanto ele falava, eu me contorcia na poltrona, tentando escrever esse texto. Me contorcia, num incômodo infernal. Eu não sabia para onde olhar, não sabia em que me segurar, mas, sabia que queria continuar meu texto sobre um dia onde eu simplesmente não vi o tempo passar porque estive ao lado de uma pessoa querida, que esteve ao lado da minha família quando precisamos de amigos. Mas, esse texto se tornou mais um desabafo sobre questionamentos do que a sociedade espera de nós.

E, sinceramente? Foda-se a sociedade. Porque a sociedade não fez nada pra que as pessoas a quem eu vi morrer nos últimos dias tivessem uma vida melhor, mais feliz. A sociedade não impediu que elas se fossem, com suas crises, seus medos, seus traumas. Aqui é cada um por si. Então, a mim só importa a opinião de quem conhece minha história, de quem me conhece e me respeita como sou, de quem acompanha meu caminho e espera ansioso para saber qual vai ser o próximo passo que a vida vai me permitir dar em direção ao futuro.

O cara olhou para o meu livro sobre a estante e o usou como exemplo, dizendo "Não sei se é um VHS ou um livro". Não sabe nem que o livro que ele usou como exemplo foi escrito e publicado por mim, e quer chegar aqui na minha casa, questionando minhas decisões, e os rumos que minha vida tomou até aqui? Faça-me um favor...

Na hora, mandei mensagem pro meu amigo Sanderson:
"Me liga", "Urgente", "Agora", "Por favor".
Felizmente, ele viu as mensagens e ligou.

Só assim, me livrei da "conversa" (ou seria um monólogo?).
Pedi licença, saí da sala e fui conversar no telefone com alguém que me conhece e acabei lembrando que, sim, eu sei conversar. Eu não sou antissocial. Só que eu não vou sair por aí falando o que penso sobre as coisas e sobre a vida das pessoas, sem ouvi-las, sem conhecer os contextos, sem deixá-las à vontade para falar.

Que cansativo, né?

Nem sei se vocês vão ter paciência de ler tudo isso aqui, mas... É o que temos para hoje.

Pra finalizar, um conselho que me deram hoje: "Façam terapia!", já que as pessoas que precisavam fazer não fazem.

Um abraço ;)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar!
Não esqueça de deixar o link do seu Blog para que eu possa retribuir a visita, ok?!