Minha tentativa de ir à Igreja


Acabo de chegar de uma volta completa ao quarteirão do prédio onde estou hospedado, pois não tive coragem de entrar na Igreja que fica na rua aqui perto.

Desde que cheguei em Concórdia - SC, sinto vontade de me agregar a alguma instituição que cuide da minha parte espiritual. Não que eu seja alguém fragmentado, mas se fosse para fragmentar os setores da minha vida, sinto que o que está sendo menos cuidado ultimamente é o espiritual.

Eu acredito que Deus existe e que nossa vida é uma esfera que se completa quando olhamos para o nosso interior como um todo. Não creio que estejamos aqui no mundo apenas para existir, trabalhar e pagar contas, mas que há algo muito maior do que nós mesmos e do que nossa própria vida. A isso, eu chamo de "espiritualidade". É o que transcende a nossa vida física e psicológica. É a nossa ligação com Deus e com um mundo que não vemos.


Não quero ser radical. Sabe aquelas pessoas que só sabem falar de Deus, que se dedicam somente à sua fé, não tendo tempo nem mesmo para se divertir durante um passeio livre? Eu já fui assim, mas mudei tanto que não consigo me imaginar assim novamente (especialmente, porque eu não quero). Mas, ao mesmo tempo, me lembro da fala de alguém a quem admiro muito, dizendo que é necessário ser radical quando o assunto é sua fé em Deus.

Radical, nesse caso, não é como aqueles que explodem o próprio corpo em nome de uma fé, que matam pessoas inocentes por acreditarem que esses sejam impuros, mas radical em relação a mim mesmo. Viver aquilo que em que se diz acreditar! Porque o que me mata de raiva é gente que tem um discurso lindo e vive tudo diferente do que fala. E isso não se resume a questões religiosas. São chefes que dizem pensar no melhor para os funcionários, mas quase os escravizam; pais que dizem educar bem os filhos, mas os entregam totalmente às mãos de escolas, babás, avós, etc.

O problema é que, como diz a Caren, eu sou muito "Oito ou Oitenta". Por mais que, em relação a todos os demais seres da humanidade, eu busque um equilíbrio, quando a mim mesmo, eu não consigo caminhar num meio termo. Para tudo o que eu faço, ou eu me dedico muito, ou eu deixo de lado. E, como eu tenho me dedicado à minha vida pessoal, projetos, trabalho, etc, eu acabei deixando de me dedicar a esse meu "lado" tão importante, que é o espiritual, meu contato íntimo com Deus.


Imaginei que ir à Igreja aqui seria uma forma de conhecer pessoas novas, que pudessem, talvez, me aproximar um pouco mais da espiritualidade. Mas, por ser sábado, a reunião marcada se intitulava como "Culto Jovem". Eu sabia o risco que corria. Em muitos lugares, os jovens, na verdade, são os adolescentes da igreja (até dezoito anos) que, sem dúvida, destoariam muito de mim. Foi dito e feito. Chegando perto do local, eu vi do lado de fora, vários adolescentes conversando, se abraçando, cheios de amizade (aquelas típicas de Igreja). Enquanto eu passava, alguns olharam, mas não senti confiança para me aproximar e ter que ficar por ali esperando as pessoas entrarem para a reunião.

Enfim... Acho que vou tentar novamente amanhã, domingo, um dia mais tradicional para se ir à Igreja, onde estarão pessoas de todas as idades, talvez, reunidas dentro do local, no horário marcado e eu vou poder entrar e sair invisível, como normalmente aconteceria.

Agora, me resta fazer alguma coisa em família, ir no supermercado, assistir algum filme, ler alguma coisa, ou escrever...

"Mãe, por favor, me desculpe, mas, eu ao menos tentei..."

Douglas

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