A culpa é do Walt Disney!

Não sei se você, assim como eu, cresceu cercado pelo maravilhoso e mágico mundo de Walt Disney. Sim, eu sou daqueles que iam ao cinema acompanhados pela família (com direito a Big Mac após a sessão) e, quando as pessoas começaram a me achar grande de mais para gostar de desenhos, passei a ir sozinho mesmo, afinal, definitivamente, não concordava com elas.

Imagine! Um homenzarrão na sala de projeção escura, reclamando sozinho das mães que insistiam em levar crianças para ficarem chorando durante o filme. Que absurdo!

A questão aqui é: Eu sou do tempo em que os desenhos animados relatavam príncipes em busca de princesas que seriam o eterno amor de suas vidas. Criadas que, com muita sorte, ascendiam socialmente e bastava chorar em desespero para serem consoladas por suas fadas madrinhas.

Sou do tempo em que as personagens se conheciam, se apaixonavam à primeira vista e já sabiam que passariam o resto de seus dias ao lado de alguém (e que, assim, seriam FELIZES PARA SEMPRE).

Lamento informar, mas nada disso é verdade.

Nem mesmo os contos de fadas são tão belos quanto nas versões de Walt Disney. Acredite! O caçador não chegou a tempo de salvar a Chapeuzinho, nenhum beijo de amor trouxe alguém de volta à vida, nenhum príncipe salvou alguém de um sono de cem anos (apesar de muita gente por aí jurar que, se o desafio fosse dormir, o faria tranquilamente até por mais tempo).

As versões originais são completamente sombrias (macabras), e querem ensinar as pessoas sobre a realidade da vida. É como se os irmãos Grimm, ou tantos outros contadores de histórias, chegassem bem na sua cara e dissessem: "Acorda e se prepara, porque a vida não vai te ajudar em merda nenhuma!".

Tudo pode parecer muito mágico e perfeito quando vemos por alguns minutos de história, algumas fotos nas Redes Sociais, mas a verdade é completamente diferente. Dificilmente alguém vai esbarrar nos seus livros no meio da rua, te ajudar a catá-los do chão e te convidar para um jantar naquela mesma noite, dizendo que se apaixonou completamente por você.

Feliz mesmo deve ser essa geração que cresceu imersa na filosofia de que a princesa virou ogro, se salvou sozinha da torre e não espera absolutamente nada da fada madrinha, uma megera egocêntrica. Contudo, não vamos desanimar totalmente, ok? A vida pode, sim, imitar os contos de fadas. Eles realmente podem acontecer. Talvez, estejamos apenas esperando viver a versão errada.

Minha amiga, realidade


Durante toda a minha vida, fui alguém que acreditou na sorte. Sempre pensei que algo bom poderia acontecer comigo, como algum tipo de predestinação. Como alguém nascido e criado no contexto religioso, aprendi que sou escolhido por Deus para grandes coisas, que as nações do mundo conheceriam meu nome, em suma, cresci acreditando que uma vida excepcional e extraordinária estava reservada para mim. Sendo assim, vivia no nível intermediário entre o sonho e a realização.

Como eu sonhei! Fui uma criança criada nos padrões mais altos de Walt Disney. Imaginação aflorada, totalmente capaz de sonhar acordado, especialmente durante as aulas de Ciências e Matemática. Minha imaginação era meu maior refúgio.

O tempo foi passando, a infância indo embora junto a ele e eu passei a ser visitado (a cada dia com maior frequência) por alguém chamado realidade.

É claro que ela apareceu durante minha infância. Mas, infelizmente, não era vista por mim como uma amiga. Eu a considerava dispensável, desnecessária.

Realidade, para mim, eram meus irmãos implicando comigo, os meninos da escola caçoando do meu peso, de minha aparência. Realidade era a fome do mundo, as mortes dos noticiários. Eu detestava a realidade, não queria precisar viver nela.

Mas, ela chegou com tudo, derrubando os muros de fantasia atrás dos quais eu me escondia. Ela se impôs, me fazendo perceber que eu deveria aceitá-la, querendo ou não querendo.

Aos poucos, ela foi matando meus sonhos, me fazendo perder a capacidade tão natural de imaginar a ponto de me perder em histórias e mundos aos quais sempre visitei. Era como se a porta para o "País das maravilhas" houvesse encolhido e eu já não pudesse atravessá-la, por ter crescido demais.


Mas, o tempo disse: "Deixe-me passar". E eu deixei.

A todo tempo acreditei que, assim como eu estava mudando, um dia minha realidade também pudesse mudar. Uma vez que estava disposto a me adaptar a ela, ela também poderia se adaptar a mim.

Descobri que não preciso viver a realidade dos outros, mas posso construir a minha própria realidade. Percebi que a felicidade não consiste em se perder e refugiar num mundo de fantasia, mas em viver a verdade de quem se é, não aceitar o que a vida te impõe, mas em construir a vida que se quer ter.

EU escolho quem quero ser. EU decido minha realidade de amanhã, de daqui a cinco, dez, cinquenta anos... Mas, só viverei a realidade que espero no futuro se, hoje, fizer algo para chegar até lá.

Hoje vivo minha realidade: um mundo intermediário entre o que é fantástico e o que é real. Sei que ainda não cheguei onde desejo, mas, a cada dia, faço um pouquinho pelo meu eu do futuro. Estou caminhando um passo de cada vez, escrevendo uma página por dia, conquistando pequenos objetivos diários.

Assim (só assim), sei que vou construindo meus sonhos, povoando meus mundos e, acima de tudo, vivendo a realidade de ser eu.



Nenhuma tempestade dura para sempre

Sabe aqueles dias que você sente com vontade de mandar o mundo parar porque você quer descer? São dias onde começam a acontecer inúmeras coisas que conseguem te desmotivar. Apesar de dar seu melhor, você acaba se tornando alvo fácil de críticas e reclamações sobre o que faz, ou seja pela simples falta de reconhecimento ou valorização de seu esforço constante. Tudo o que você faz parece não ser mais do que sua obrigação e você passa a não enxergar nenhuma expectativa de futuro.

Mas, calma, como diz a placa em frente à livraria que entrei, hoje: "Nenhuma tempestade dura para sempre", e essa simples frase escrita com giz me fez perceber (ou melhor, me lembrar de) que logo, logo essas fases ruins vão passar, como tantas outras que vieram e se foram. Mas, você não pode se concentrar nela. Ao contrário, você deve tirar desse momento, forças e motivação para fazer algo diferente por si mesmo.

Chega de se ver como coadjuvante de sua própria história! De aceitar o que a vida traz, como se fosse uma esmola por você ser bonzinho com todo mundo. Comece a fazer algo por si próprio. Tome as rédeas da história que é sua (e de mais ninguém). "Se for pra desistir, desista de ser fraco". Planeje, projete, mas não deixe que coisas tão menores do que seu sonho (como a rotina, ou pessoas tóxicas) roubem o seu ânimo de viver.

Que tal fazer do hoje um novo começo para algo diferente? Algo que realmente valha a pena. Por que a importância do seu salário não pode cobrir o valor dos seus sonhos. Então, se atrase para o trabalho, perca a hora, seja visto como o funcionário menos qualificado para sua profissão, seja motivo de deboche da galera da empresa, desde que os seus sonhos estejam em dia. Mas, não se deixe vender pela quantia que lhe pagam.

Sua felicidade vem primeiro e deve estar acima de tudo mais nessa vida. Combinado?

Combinado.