(Im)perfeito de mais para ser um escritor

O ano era 2007. Eu estava na casa de minha irmã. Ela me trouxe o manuscrito de uma história que estava idealizando. Era algo extremamente rústico, apesar de haver ali boas ideias para uma história. Eu não conseguia visualizar as cenas devido a falta de detalhes, a maioria das personagens era muito caricata.

Ela pediu minha ajuda para que a história pudesse melhorar e, durante toda uma tarde eu despejei minha criatividade naquele manuscrito. Eu tinha 16 anos, minha criatividade estava à flor da pele e minha irmã adorou tudo o que eu havia escrito. Só que para todo elogio, existe um “porém”, e quando esse “porém” veio, eu tive imediatamente um grande bloqueio criativo.

Creio que um perfeccionista quando criticado tem reações não muito legais. Naquele tempo, eu ainda não sabia muito bem como lidar com as críticas. Afinal, quando escrevemos, mesmo que uma ficção, colocamos no papel um pouco de nós mesmos, nosso coração está naquelas páginas e, quando o que produzimos é criticado, é como se criticassem quem nós somos (aprendi isso com a querida Anne Lamott). Isso é uma grande verdade.

Aquele bloqueio me fez rejeitar tudo (eu disse TUDO) o que eu mesmo escrevia. Parecia que nada bom poderia sair de mim novamente. Aquilo durou muito tempo. Tempo suficiente para que eu me mudasse do Rio de Janeiro para estudar em um internato em Belo Horizonte (MG), onde aquela história ficou completamente esquecida.

Durante aquele tempo, eu tive contato com um novo mundo. Meus amigos eram pessoas de diversos estados do país (e até de outros países). Algumas disciplinas complementares (entre elas, “Composição”), me ajudaram a evoluir em minhas técnicas de escrita. O melhor de tudo é que, ali, nossa arte era exposta e extremamente criticada pelos professores e, principalmente, por meus próprios amigos.

Foi assim que eu comecei a aprender a lidar com as críticas. Tanto as boas quanto as ruins.

Apesar de meu gosto ter ficado mais refinado no internato, eu fiquei um pouco (muito) neurótico quanto às coisas que eu escrevia. Por ter aprendido um “padrão” para a escrita, eu agora exigia que tudo meu (e até das pessoas ao meu redor) seguisse aquele padrão, e o que fugisse daquilo não estava bom. Foi dessa forma que eu mesmo cortei as asas de minha criatividade. Pois a criatividade não se encaixa em uma caixinha. Já dizia o grande Albert Einstein que “a criatividade é a inteligência se divertindo”, e se você padroniza a criatividade, ela deixa de existir.

Foi depois de muito choro, lamento e pedidos incessantes de minha irmã que eu decidi retornar à escrita daquela história. Havia se passado seis (eu disse SEIS) anos. O ano, agora, era 2013.

Era a este ponto que eu gostaria de chegar.




Desde o momento em que decidi retomar a escrita, mesmo vendo em mim muitas limitações, um leque se abriu para mim (imaginei a Nani People! Kkk... Vou mudar a comparação). Desde que retomei a escrita daquela história apesar de minhas limitações, novos horizontes se revelaram diante de mim e, na prática, eu fui aperfeiçoando minha escrita.

Hoje, ainda estou no processo de aprendizagem para ser um bom escritor e decidi que deveria compartilhar aqui um pouco do muito que aprendi em um ano, sobre escrever meu próprio livro, para que se você também deseja fazê-lo (mas também se vê como eu me via), você possa ter suas neuras dissipadas, assim como a maioria das minhas foram.

Não sou um escritor perfeito. Aliás, sou eu meu próprio editor de conteúdo. Mas, não poderia deixar de compartilhar com quem precisa aquilo que aprendi de bom nessa caminhada "dando uma de escritor". Espero que os muros onde eu quebrei a cara sirvam para que vocês não precisem esperar por seis longos anos para ver uma história sua tomando vida.


Ao longo deste mês, vou postar especificamente sobre as neuras que você deve perder para ser um escritor. É claro que vou contar como eu perdi muitas das minhas.

Você acha que tem um livro dentro de você? Então, prepare-se! Vou tentar ajudar a colocá-lo para fora.

Até o próximo Post!

6 comentários:

  1. Acho que todo mundo passa por essa fase de reclusão na escrita, né? E na maioria das vezes esse tempo faz muito bem depois, porque é aí que aprendemos novas técnicas, que lemos outras coisas e que temos novas inspirações. O que vem depois só pode ser um bom resultado, pois é a partir da prática que a gente consegue chegar onde queremos de fato. :)
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Sabe Doug, eu me sinto muito assim como você relatou, as vezes percebo que eu mesmo me imponho bloqueios, mas eu adoro tanto escrever que nem que seja uma lista de supermercado, eu tô fazendo, o problema é quando acontece alguma exigência criativa, parece que a mente se fecha e eu acabo por desistir de escrever, graças a deus eu tenho amigos como você que me incentivam, não apenas elogiando, mas criticando e dando toques, é muito bom pra mim! Dois bjo

    ResponderExcluir
  3. Sabe, antes eu não tinha muito essa pira de escrever um livro, e talvez eu entenda que meu negócio são textos rápidos e filosofias de boteco mesmo - mas desde que lancei aquele livro jornalístico que contei lá no blog que morro de vontade de escrever e lançar, um dia, um só meu e, quem sabe, de ficção? Mas não sei, não sei, não sei, sou neurótica demais pra começar, ao menos por enquanto, hahaha.
    Beijos, querido!

    ResponderExcluir
  4. Tenho o sonho de ser escritor, mas sempre acabo deixando de lado essa paixão e não reservo nenhum tempinho pra me dedicar, sentar e escrever, quero ver se consigo escrever mais... adorei o post, me identifiquei com vários pontos, eu acho que sei lidar bem com as críticas, mas geralmente eu nem mostro muito o que eu escrevo... abraço!

    ResponderExcluir
  5. Adorei!
    Demorei 29 anos pra entender isso. Agora estou de boas escrevendo o que eu quero, do jeito que eu quero, sem querer impressionar os outros. É assim mesmo!
    Adorei!
    Bjo!

    ResponderExcluir
  6. Nossa parece até a biografia da minha vida heheheheh. Lembro lá nos anos 2000 no começo da blogosfera como eu amava escrever e, ao longo dos anos, fui deixando o escrever por amor para "escrever certo e com rigor" e isso também minou muito a minha criatividade.

    Acho que a melhor coisa é deixar o texto te levar, tenho feito isso nessa primeira semana de BEDA e olha, tô amando o que tô fazendo.

    Não existe nada melhor do que escrever por vontade e prazer, isso deixa a vida (que já é mega pesada) mais leve.

    Tô adorando seus textos, um beijo!!!

    http://marcelones.com

    ResponderExcluir

Obrigado por comentar!
Não esqueça de deixar o link do seu Blog para que eu possa retribuir a visita, ok?!