Coração com Coração


Era feriado. Os grandes centros culturais estavam lotados de pessoas que desfrutavam de tempo livre.

As praças também dividiam espaço entre ambulantes, jovens em seus skates e patins, e pessoas que simplesmente caminhavam desfrutando da brisa gelada que contrastava com o sol que aquecia a pele.

As ruas, porém, estavam praticamente vazias. O comércio permanecia fechado, com poucos restaurantes, cujas mesas se espalhavam pelas velhas ruas ladrilhadas do centro do Rio de Janeiro.

Foi nesse cenário que eles se encontraram pela primeira vez.

Um coração machucado e outro, cheio de vida, disposto a doar-se para sarar as feridas do primeiro.

Entre conversas, surgiram os primeiros gestos de carinho, o coração ferido pôde ouvir por diversas vezes o que há muito não ouvia. Palavras que o fizeram se enxergar como já não conseguia.

Ele olhava para o sorriso de seu companheiro e era iluminado por seu olhar vivo, sua sinceridade e a felicidade estampada em seu rosto.

Será que ele poderia confiar?
Ele poderia mostrar suas feridas?

Ele acreditou que sim. Deu o primeiro passo. Pediu diversos abraços. Parecia mágica. Ia além do que ele poderia explicar. Ele realmente não se sentia assim há muito tempo.

Quando os dois corações se encontraram, puderam ouvir o som de harpas célticas tocarem em meio à penumbra. Um calor os rondava, mas isso não os impediu de se aconchegarem no abraço um do outro. Eles não se importavam com nada, com ninguém ao redor. Só havia os dois ali.

À medida em que o dia passava, a hora da despedida se aproximava. O coração ferido, sem habilidade para despedidas (depois de todas as que já teve que fazer ao longo da vida), não sabia o que sentir, o que fazer, o que sentir. Só sabia que, depois daquele dia, o que ficaria seria uma conhecida amiga, a quem ele chama intimamente de saudade.

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