Eu tô de saco cheio de algumas coisas.

Quem me conhece sabe que eu sempre tentei ser a melhor pessoa que posso.
Às vezes, pensando sobre isso, tento fazer um levantamento mental sobre os motivos de eu ser alguém que sempre teve facilidade de agradar a todos, de ponderar sobre a melhor solução comum, nada que pudesse me favorecer, mas o que fosse bom para a maioria.

De todas as vezes que penso sobre isso, fico entre duas respostas:

1. A "culpa" é do meio religioso no qual fui criado: Pra quem ainda não sabe, eu cresci numa casa onde a principal filosofia é cristã. Filosofia baseada no perdão, no "dar a outra face", na abnegação. E eu, particularmente, tenho como característica minha a entrega a tudo o que faço. Acredito que, se for pra pegar algo e fazer de qualquer jeito, é melhor nem fazer. Sendo assim, com minha vida religiosa não foi diferente. Sempre levei a sério e me entreguei totalmente a absolutamente tudo o que fazia. Tudo bem que eu só quebrei a cara por ser tão submisso, mas creio que com certeza o meio religioso tenha influenciado nesse meu jeito de ser.

2. A "culpa" é do meu sentimento natural de rejeição (que parece se confirmar a cada dia): Não sei o que houve durante minha gestação, porém, desde que me entendo por gente eu me lembro que tenho essa sensação constante de rejeição por parte de algumas pessoas e especificamente por algumas situações onde ficou bem clara a intenção delas em me fazer sentir rejeitado. Assim sendo, devido à sensação de reprovação, rejeição, ou por tudo o que eu já imaginava que aconteceria na minha vida e que, provavelmente me faria ser rejeitado, eu sempre tentei mostrar que eu poderia ser bom, fazer o que todos pensavam que eu não faria, ser quem pensavam que eu não me tornaria.

Eu estou de saco cheio de ser como sou? Sinceramente, não.
Mas, eu me pergunto por que parece que só eu tento ser assim.
Se todo mundo que me conhece, olha pra minha vida e diz admirar meu jeito de ser, a única pergunta que me atormenta é: "Por que essas pessoas não tentam ser assim também?".

Não estou querendo me usar como exemplo pra ninguém, até porque isso é um grande engano que só causa mais dor de cabeça na vida do "exemplo" (eu já tive essa obrigação e sei como é). Só que estou sentindo MUITO os efeitos da falta de empatia das pessoas para comigo.

À medida que tento aliviar as cargas dos outros, sinto que essas cargas vêm sendo cada vez mais descarregadas sobre mim, enquanto, o que realmente deveria acontecer, eram essas pessoas também tentarem aliviar as minhas.

À medida que só quero viver a minha vida, sem prejudicar ninguém, parece que as pessoas querem entrar na minha vida e quando, apesar da minha dificuldade de me abrir para novas amizades e confiar, eu finalmente cedo, elas revelam seu desejo oculto em me prejudicar como puderem.

À medida que tento ser o mais educado e amável possível, menos as pessoas tentam fazer o que eu peço com toda a minha educação e gentileza.

À medida que eu tento me aproximar de alguém com quem tive algum grau (mesmo que mínimo) de empatia, parece que essas pessoas se afastam um pouco mais a cada convite, a cada "oi", a cada "conta comigo".

É disso que eu tô de saco cheio.
De começar a duvidar de meus próprios valores e pensar: "E se eu fosse como eles?", "E se eu agisse como eles?", "E se eu pagasse na mesma moeda?".
Mas, aí eu me lembro que o que eu faço, as formas como ajo (ou reajo) não é pelo que as pessoas são, ou pelo que elas fazem a mim, mas por quem eu sou.
É muito difícil caminhar todos os dias (indo e voltando do trabalho) e pensar no quanto a vida poderia ser mais leve se as pessoas quisessem prejudicar menos umas às outras e se abrissem para ajudar à medida que são ajudadas por alguém.

Sei que não tenho o poder sobre essa situação.
Sei que não tenho o controle do mundo (e nem desejaria ter).
Mas... Um fato é que quanto mais eu conheço as pessoas, mais eu gosto dos bichos.

Até qualquer hora.
Douglas ;)

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