A quinta-feira amanheceu ensolarada, mas eu não vi.
Acordei à tarde, quase na hora do almoço (vida de desempregado é assim). Havia
ficado até muito tarde no bate-papo com minha sobrinha, Caren (de 15 anos),
bolando planos e estratégias para conseguir assistir “A Culpa é das Estrelas”
na estreia. No site do shopping da minha cidade não havia sequer sinal dele, e
o segundo cinema mais próximo fica num lugar onde eu não sei ir e voltar de
ônibus (não me arriscaria nem sozinho, muito menos com uma adolescente sob
minha responsabilidade). Fomos dormir após o veredicto final de minha irmã (a
mãe dela). Ela achou arriscado nos levar de carro devido ao horário (afinal,
moramos no Rio de Janeiro), pois a sessão a qual eu poderia assistir começava
às 22:00h e terminaria pouco após a meia-noite no tal cinema.
Assim que acordei naquela quinta-feira tão aguardada
(5/6), liguei para o cinema da minha cidade como última esperança e fui informado
de que o filme estava SIM em cartaz e que eu poderia comprar o ingresso
antecipadamente pelo ingressos.com. Iupi! Ainda bem!! Afinal, pela
Internet é a única forma de comprar ingressos usando o Cartão de Crédito
(repetindo: estou desempregado). Mas, aquilo estava bom de mais para ser
verdade. O fato é que o Site do Shopping estava com problema e não estava
aparecendo no ingressos.com.
E agora? Como faria para comprar ingressos sem grana? Foi
quando, de repente, recebi uma ligação (aquela ligação que muda a vida da
gente – #exagero). Era o pai da minha sobrinha dizendo que havia depositado
uma quantia para mim, de um livro que ele comprou de mim, há séculos. Era pouco
mais que o suficiente para comprar o ingresso. Só tinha um problema: como
garantir ingressos para as 21:45h (horário da última sessão no cinema da minha
cidade)? Segundo expectativas, haveria uma disputa acirrada por ingressos,
afinal, era A GRANDE ESTRÉIA de “A Culpa é das Estrelas”, e eu tinha um
compromisso até as 21h.
Para minha alegria, minha sobrinha mais velha (Camila)
disse que iria ao shopping por volta das 16h e que poderia comprar o ingresso
para mim, mas houve uma mudança de planos e ela não foi. Por fim, eu desisti de
ir à estreia de “A Culpa é das Estrelas”.
Iria ao meu compromisso e me conformaria em ter esperado
tanto tempo em vão pelo dia 5/6, pois seria só mais um dia, o dia de uma estreia
a qual eu não fui.
Foi aí que, de repente eu pensei: “Não! Eu preciso arriscar! Preciso correr até o
shopping e, pelo menos, tentar comprar o ingresso para a estreia! Se não tiver
eu volto pra casa, mas com a certeza de que ao menos tentei!”.
“EU VOU” –
decidi.
Como eu voltaria de lá tarde, caso houvesse ingresso,
preferi não levar a Caren, mas, quando eu ia saindo rumo ao shopping, minha
irmã (a mãe dela) perguntou:
– Douglas, você vai ao cinema?
– Vou. – respondi.
– Você podia levar a Caren. – ela pediu.
– Não dá. É que... Eu vou voltar de lá tarde e fico com
medo. Pode acontecer alguma coisa, sabe? – falei em tom de explicação.
– Eu levo vocês de carro.
(Aqui vocês
imaginam minha cara)
Enfim, fomos.
O plano era: se não houver ingresso, a gente volta e vai
embora.
Descemos do carro correndo e nos preparando
psicologicamente para a fila quilométrica que nos aguardava, mas... Não havia
fila alguma!
Compramos nossos ingressos e liberamos minha irmã para ir
embora, mas ela disse:
– Eu venho buscar vocês. Bom filme!
(Aqui, novamente,
vocês imaginam minha cara)
Esperamos poucos minutos até nos sentarmos nos melhores
lugares da enorme sala de projeção (ocupada por cerca de 15 pessoas), para
visualizar o que antes era mera imaginação. Cada cena, cada fala, cada
personagem. Era tudo tão perfeito. Tão especial. Combinamos de não olhar um
para o outro nas cenas que (com certeza) nos fariam desidratar de tanto chorar.
E cumprimos o combinado. Era como ler o livro novamente. Reviver (e rechorar)
cada momento.
Na verdade, tenho pouco a dizer sobre o filme. Só sei que
valeu a pena cada dia de espera, pois era tudo o que eu imaginei.
Quando saímos do cinema para esperar o carro vir nos
buscar no horário combinado, nos pegávamos em silêncio, pensando. Eu sabia que
ambos estavam pensando no filme que havíamos acabado de assistir. Era
inevitável. Bastava olhar o céu estrelado acima de nós, tudo nos fazia lembrar.
Acho que por isso só hoje estou conseguindo escrever esta
postagem. Precisei de todos esses dias para unir as letras, formar palavras,
unir as palavras até formar frases e, por fim, escolher cada palavra e cada
frase que formariam este texto. Pois ele deveria ser para mim tão especial e
inesquecível quanto foi (quanto é, e sempre será) “A Culpa é das Estrelas”. Uma
história que para mim tem a obrigação de ser eterna.
Estou com uma faca enfiada em meu peito porque eu ainda não fui assistir ao filme e cada texto que eu vejo falando sobre ele dá uma mexidinha na faca pra me fazer lembrar que eu simplesmente PRECISO assistir logo.
ResponderExcluirEsse texto passou tanto a emoção, a vontade, as dúvidas e a enfim certeza de que tudo ocorreu bem que eu fiquei aqui, roendo as unhas, torcendo pra que você conseguisse assistir. Quase pulei pro final pra ter certeza, mas me permiti apreciar as palavras e... Que palavras. Todas elas escolhidas perfeitamente pra me fazer arrepiar.
No final, pulei de alegria imaginando a cena. É tão bom quando coisas assim acontecem, né? Ainda bem que você tentou!!! Ainda bem!!!
macabea-contemporanea.blogspot.com
Eu li o livro duas vezes e, semana passada, reli só por causa da estreia. Mas cadê a coragem em ir assistir o filme? Tem um nó IMENSO dentro de mim que me impede de VER aquilo que minha imaginação desenhou, graças ao gigantismo do John Green. Acho que a história vai enraizar de tal forma dentro de mim, que nunca mais serei a mesma.
ResponderExcluirPreciso me preparar psicologicamente. Só mais um pouco.
Beijo!
Eu ainda não assisti, mas como todos só rasgam elogios a respeito, me sinto intimada a prestigiar o filme. E agora com esta declaração, lembrarei tbm de levar lenços!
ResponderExcluirMyllena,
Minhaspequenasverdades.blogspot.com.br