Escreva!


Sabe quando vem aquela vontade de escrever, mas parece que a gente não tem o que escrever? Sei lá! É como se no cérebro da gente se formasse um emaranhado em meio a muitos (ou a nenhum) pensamentos. Daí, a gente se pergunta: "O que fazer quando queremos colocar uma história para fora, mas tudo o que conseguimos é olhar para aquela página em branco com o cursor piscando na tela?". Admito. Eu mesmo entrava em uma grande crise existencial quando isso acontecia. Isso mesmo! "Acontecia". Hoje, isso não me afeta mais.

Eu havia aprendido no Curso de "Composição" que escrever é a etapa final de um longo e amplo processo de reflexão, e esse processo começa com uma ideia. Até aí, tudo bem. Só que a professora também disse que não adianta pegar uma folha em branco e simplesmente começar a escrever sem antes refletir no que pretendemos fazer pois estaríamos apenas "enchendo linguiça". Eu acabei aderindo essa regra para todo e qualquer tipo de escrita. Só que o curso (como eu já disse) era de Composição, e escrever uma história é diferente de escrever uma música.

É claro que é importante ter uma ideia de sobre o que iremos escrever, mas e naqueles dias que você QUER escrever, mas o seu cérebro não colabora nada muito? O que a gente faz? Fica refletindo sobre o que gostaria de escrever? Como? Se não temos nada em mente, caramba?! O fato é que enquanto eu seguia à risca o conselho da professora de Composição, eu preferia jogar o computador pra um lado, caderno e caneta para o outro e ir tirar uma soneca. Pensei até em desistir da escrita.

Até o dia em que conheci Anne Lamott (olha ela aí de novo), que me desvendou o segredo: "escreva".


"Mas, escrever sobre o quê?", você pode se perguntar. "Escreva sobre qualquer coisa.", ela diz. Que tal começar pela sua infância? Descreva suas recordações, tente descrever as pessoas, como elas eram, como se vestiam, o cheiro que tinham. Descreva lugares onde você já esteve, ou o próprio lugar onde você está enquanto escreve. O importante é deixar fluir (naturalmente) de você a escrita. Se você fizer isso todos os dias, chegará ao ponto de ser pouco afetado pela falta do que escrever.

Eu tenho aplicado isso no meu dia a dia como escritor e confesso que no começo não foi fácil. Eu pensava: "Mas, eu não quero escrever sobre a sala onde estou, não quero escrever sobre minha infância, quero escrever aquela história na qual eu tenho trabalhado todo esse tempo!". Mas, quanto mais eu pensava assim, mais a história ficava parada, sem ideias do que escrever.

Depois de muito relutar (e xingar aquela ideia tosca de escrever sobre qualquer coisa), fui vencido pela falta de forças. Resolvi aderir à ordem da (queridíssima) Anne. Passei a escrever sobre o que me viesse à mente em qualquer folha de papel que tivesse à mão. Enquanto eu fazia isso, era como se tirasse os entulhos do meu cérebro, ia despejando no papel aquilo que estava impedindo que as novas ideias viessem à tona e fossem transformadas em história.

Foi incrível! Quase terapêutico.

Depois que eu finalizava o texto, dava uma volta, bebia uma água, fazia um xixi e voltava para ler o que havia escrito. Em meio à toda aquela informação, é claro que tinha coisa que eu lia, pensava: "What?!" e deletava sem pena, mas sempre (SEMPRE) havia coisas boas de se ler em meio a tudo aquilo. Bastava organizar as ideias, acrescentar algumas frases, palavras, retirar outras, e "voilà!". Você escreveu um bom texto.

Quando eu aceitei o desafio de ter um Blog, pela primeira vez eu não tive medo de não ter o que escrever. Fiquei bem tranquilo em saber que se o bloqueio viesse, era só começar a escrever, desentulhar as ideias e depois, ler tudo, retirando as partes ruins e aproveitando aquilo que fosse digno de ser publicado.

Faço minhas as palavras de Anne Lamott. Quando vier o bloqueio, escreva!

Até amanhã.

Douglas.


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